Pe. Claudio Pighin

Este pobre grita e o senhor o escuta


É no Salmo 34,7, da Sagrada Escritura, que se encontram estas Palavras: “Este pobre grita e o Senhor o escuta” (Sl 34,7). No entanto, muitas vezes, algumas pessoas são desconfiadas, mesmo que se digam que acreditam em Deus. Mas, por que o Senhor escuta o pobre? Por que é melhor que os outros? Nada disso. Deus escuta o pobre porque ele não tem mais ninguém em quem confiar, em ter ajuda. Acha-se completamente sozinho e abandonado. Então, Deus vai ao encontro desses pobres, porque Ele escuta os seus gritos, os seus clamores, as suas intercessões.

O Deus das Sagradas Escrituras está do lado deles, mas sem excluir ninguém, porque todos são filhos Dele. Como uma mãe ou um pai que se preocupa mais com o filho que tem mais dificuldade, dando-lhe as devidas atenções e ajuda. Assim é o nosso Deus. Desse modo, se Deus faz isso nós, também devemos imita-Lo. A nossa sociedade, infelizmente, gera muita pobreza. Os pobres estão ao nosso lado e muitas vezes nem percebemos isso, ou se percebemos fazemos aquele gesto de caridade e tudo acaba por aí. Dificilmente discutimos o porquê disso e tomamos decisões de como acabar na raiz tudo isso.

Porém, Deus, que tudo vê e escuta, se posiciona do lado deles. Não por acaso Jesus Cristo disse o seguinte: “Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus” (Mt 5,3). Numa realidade como a nossa, que na maioria das situações coloca a riqueza como principal objetivo, as pessoas se fecham em si mesmas. A partir disso, não conseguem mais compreender além da própria concepção e enxergar além do próprio “nariz”. É interessante notar que Deus escuta e, no entanto, nós não escutamos. E por que Deus escuta? Porque Ele sabe amar, somente amar!

A partir dessa imensa verdade, podemos dizer que a nossa sociedade não sabe amar, porque não ouve o grito dos pobres. Por exemplo, uma economia de um país que não favorece os pobres significa que não os ama, está longe de praticar o exemplo de Deus. Também uma politica que exclui, que não dá prioridade aos pobres, aos últimos, não consegue entender Deus, imita-Lo, embora que possa falar muito Dele ou até reza-Lo. Se a sociedade e a política não são capazes de ouvir os pobres, às vezes, também a Igreja não está isenta disso.

Por isso, o Santo Padre, o papa Francisco, instituiu o Dia Mundial dos Pobres como um firme compromisso da mesma Igreja em estar próximos dos pobres e se solidarizar com eles. Portanto, não é uma opção política essa, mas repito, é uma opção de Deus e que a Igreja procura ser fiel ao seu Deus. A nossa fidelidade a Deus é também a fidelidade aos pobres. O nosso mundo, infelizmente, não escuta os pobres, não está ao lado deles, pelo contrário faz de conta que não existem ou se limitam aos “coitadinhos”, fazendo doações. Tanto é verdade que essa realidade dos pobres não diminui, pelo contrário, está aumentando. Qual é a nossa responsabilidade em tudo isso? O egoísmo, a soberba, a avidez e a injustiça geram a pobreza e nos rende mais pobres diante de Deus.