Pe. Claudio Pighin

Felizes os que temem o Senhor


O salmo 127 das Sagradas Escrituras é um louvor de alegria, de paz, de tranquilidade. Tudo isso é mostrado através de uma cena bem familiar dentro da sua casa ao redor da mesa, consumindo a refeição. É uma cena bem serena que se projeta idealmente até à cidade santa, isto é, Jerusalém, e todo o seu povo de Israel. É espontâneo dizer: ‘que alegria estarmos juntos, no Senhor’. O início desse hino é uma bem-aventurança em que se proclama: “Felizes os que temem o Senhor”, e logo em seguida encontramos a bênção: “Assim será abençoado aquele que teme o Senhor.”

Veja com que maestria e perfeição o autor desse salmo conseguiu descrever a imagem da bem-aventurança. Resgatou o símbolo agrícola, bem conhecida em Israel, da vinha fecunda e brotos de oliveira. Imagens essas que representam a prosperidade e fecundidade da vida. A vinha representa efetivamente o povo hebraico, mas que, neste caso, é aplicado à mãe da família, enquanto mulher fecunda e que gera vida. Quem teve oportunidade de ver uma vinha bem pesada, repleta de cachos de uva e de tantas folhas, pode imaginar a riqueza da vida, representada pela grande produção de vinho.

Da mesma forma é a mulher fecunda, com todos os seus filhos que compõem a mesa festiva, expressão essa de alegria, felicidade e bem-estar. É espontâneo dizer ‘como é bom estarmos juntos’. E a oliveira também representa a prosperidade para Israel. O autor desse hino faz a comparação dessa árvore com os filhos jovens, cheios de vida. E a bênção conclusiva se resume na felicidade da família reunida ao redor da mesa, na própria intimidade da casa. É evidente que a verdadeira bênção é o próprio Deus, que, neste caso, está presente na arca da aliança em Sião.

Uma presença sem fim, de geração em geração: “De Sião te abençoe o Senhor para que em todos os dias de tua vida gozes da prosperidade de Jerusalém, e para que possas ver os filhos dos teus filhos. Reine a paz em Israel!” E esta paz é a plenitude da vida. E a concepção da família não é entendida como uma célula fechada em si, mas como uma parte vivente da inteira comunidade. Deus sendo próximo do seu povo, naturalmente é também próximo a cada fiel. É uma aliança firme e garantida.

Termina o salmo com um espírito repleto de fé e alegre por ter a família uma existência de amor, de vida, de trabalho e de convivência com a própria sociedade quais sinais do amor de Deus. É um quadro perfeito de vida familiar que vive efetivamente a bênção favorável do Senhor: “Assim será abençoado aquele que teme o Senhor”. E, por fim, é bom relembrar que nas celebrações matrimoniais judaicas e cristãs, canta-se este salmo e que o papa Francisco iniciou a famosa Exortação Apostólica ‘AmorisLaetitia’, isto é ‘A alegria do amor’; o amor na família.