Pe. Claudio Pighin

Jesus Cristo, Plenite da Revelação III


Revelação é um acontecimento do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O caráter pessoal da Revelação de Deus Pai atesta que Deus é Aquele que determina o significado de toda a realidade. Deus está na origem de si mesmo: a distinção com o que existe não é indiferente à distância ou à impassibilidade, mas uma condição para o ser humano entrar numa relação única e fascinante.

A revelação é o acontecimento do Filho, cuja existência é a expressão da paixão de Deus pelo ser humano, uma paixão que responde às perguntas que o homem faz a si mesmo, mostrando que a sua mensagem e a sua práxis são algo humano e humanizador, precisamente porque estão ligados à relação com Deus Pai.

Finalmente, a revelação é um acontecimento do Espírito Santo que, segundo o Novo Testamento, tem a tarefa de fazer uma memória histórica e objetiva de Jesus.

Trabalhando desta forma, o Espírito permite ao crente viver a sua existência em partilha e em conformidade com a atitude de Jesus que aceitou a fragilidade da vida e da morte segundo o plano do Pai, sem impor a lógica da sua própria visão das coisas. Neste contexto, compreendemos porque é que o Espírito é a fonte do exercício da Liberdade, na medida em que manifesta Deus e o Filho como comunhão, sobretudo como a capacidade de dar lugar ao outro.

Viver uns para os outros, realizar o convívio da convivência é a tarefa que o Espírito revela, mas também a expressão que revela como Pai, Filho e Espírito Santo são o princípio arquitetônico da história.

Deste modo, a novidade da revelação bíblico-cristã traz uma forma diferente de compreender os acontecimentos históricos, que representam a interação entre duas liberdades: a de Deus e a do ser humano.

É na interação entre as duas liberdades que se revela o significado da história, ou seja, a luta diária para traduzir o projeto do Reino, para dar sentido ao percurso do ser humano.

Afirmar que a revelação é um acontecimento histórico significa, portanto, estabelecer uma relação particularmente significativa entre a mensagem cristã e a realidade social, não só porque ao entrar na história a remove dos seus esquemas e determinismos, sejam eles económicos, políticos, ideológicos ou psicológicos, mas também porque revela dentro dos acontecimentos aquela orientação que pertence a Deus e que, se aceite, se torna o criador do sentido e da salvação.

A revelação cristã é um fato que é, ao mesmo tempo, o lugar da sua interpretação e compreensão. Não representa a conclusão do processo cognitivo do homem, mas o ponto de partida, a primeira palavra que Deus oferece ao homem para iniciar a sua busca. Deus não é um predicado do homem e do mundo, no sentido de que ele não é uma projeção humana ou uma função que cumpre dentro do mundo. O caráter pessoal da revelação de Deus atesta o fato de que é Deus quem determina o significado definitivo de toda a realidade.