Pe. Claudio Pighin

Quando o Senhor reconduzia os cativos de sião


O salmo 125 das Sagradas Escrituras é um cântico do povo de Israel que fez ao retorno à própria pátria depois do exílio em terra babilonense. Isto ocorreu em 538 a. C. quando o rei Ciro ordenava a enviar de volta à Judeia todos os judeus cativos. É um hino alegre de agradecimento pela liberdade adquirida, mas, ao mesmo tempo, uma intercessão por um futuro incerto que podia acontecer. Começa o salmo exultando a liberdade: “Estávamos como sonhando. Em nossa boca só havia expressões de alegria, e em nossos lábios canto de triunfo.”

Perante essa libertação da terra babilonense, os judeus reconhecem que esse prodígio de Deus com o seu povo é uma manifestação da potência do Deus deles sobre os povos pagãos: “O Senhor fez por eles grandes coisas”. É a profissão de fé de Israel ao seu Deus. Em seguida, o salmo focaliza uma imagem típica da cultura do campo: “Os que semeiam entre lágrimas, recolherão com alegria.” Revela que Israel, perante a opressão, derrama lágrimas e, assim, parece que esteja cumprindo uma semeação cujos frutos não sabe se acontecerão, porque na sua própria ação não tem esperança.

Porém, chegando a libertação, pode realizar uma abundante e alegre colheita. E a história da salvação pode ser resumida na alternância das estações da natureza: tempo de outono, período não resplandecente, é tempo da semeadura e o verão, resplandecente, acontece a colheita. Imagem simbólica da salvação. Assim sendo, podemos resumir que a semeadura representa o tempo da espera e, portanto, também da prova. Uma expectativa que foge do controle humano. Por isso, o salmista invoca: “Mudai, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes nos desertos do sul.” Isso para evitar o deserto da vida, a infelicidade. No entanto, a colheita representa a alegria, a liberdade e prosperidade.

Nesse sentido que os rios se tornem cheios de águas para que a estepe árida possa reflorescer: “Virão com alegria, quando trouxerem os seus feixes.” Essa imagem ajuda a compreender quanto é grande a ação de Deus na nossa vida. Uma vida que se torna frutuosa e repletas de produtos, quais símbolos da vida eterna. Assim sendo, confortados dessa esperança, somo impelidos a fazer o bem sem nos cansar.

Portanto, não podemos nos desanimar perante as provas da vida porque Deus nunca vai nos abandonar e nos vai conduzir pelos caminhos da vida sem fim. O papa Francisco falou na Audiência geral de 12.09.2018: “A misericórdia de Deus nos liberta e quando você se encontra com a misericórdia de Deus tem uma grande liberdade interior e tem capacidade de transmiti-la. (…) Há uma escravidão que aprisiona mais que uma prisão, mais do que uma crise de pânico, mais do que uma imposição de qualquer tipo: a escravidão do próprio ego. O ego pode se tornar um torturador que tortura o homem onde quer que esteja e lhe causa a mais profunda opressão, aquela que se chama “pecado”, que não é uma simples violação de um código, mas fracasso da existência”.