Pe. Claudio Pighin

Servi o senhor com alegria!


Em meu livro sobre a Eucaristia, escrevi o seguinte:A importância de fazer uma ação de graças e de louvor nos confirma o dom de Deus na nossa história e o desejo de estar constantemente na sua presença. Isso acontece quebrando a nossa rotina cotidiana e semanal, dando-nos oportunidade de contemplar a nossa vida como um todo; que vai além dos nossos compromissos de sobrevivência. Com essa prática da participação da Eucaristia aos domingos, acresce em nós uma consciência de nos alimentar do corpo e sangue de Jesus, o Cristo, para a vida em plenitude.

Essa partilha dominical nos permite louvar o quanto é bom o nosso Deus e o quanto Lhe pertencemos. Por isso, todo domingo é uma nova Páscoa, enquanto celebremos a Morte e Ressurreição de Jesus, o Cristo. Essa sua presença é verdadeira comida para todos nós, tanto para vida presente, quanto para a futura.

Naturalmente, essa gratidão por receber tudo isso de graça nos educa, em um mundo onde se pensa que tudo nos é devido, a sempre agradecer, a não se fechar em si, a não gerar egoísmo. É uma educação ao reconhecimento porque: “me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20).

O amor Dele que chega sempre primeiro na nossa vida. De fato, é o Espírito Santo que faz a história de Jesus ser sempre atual e presente. Portanto, não é uma história fechada ao passado. O Espírito Santo é aquele que continua o tempo de Jesus até nós, ilumina e conduz a Igreja. Por isso, diz Jesus: “Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada”.

Portanto, toda essa obra de Deus na nossa vida não acontece de maneira mecânica, mas precisa aderir à ação de Deus na nossa vida. E a Eucaristia é também essa oportunidade. Essa adesão é dada por meio de uma opção bem consciente de sermos cristãos, isto é, escutando e vivendo as palavras de Jesus conscientizadas pelo Espírito Santo. Vivendo bem concretamente o ensino do Mestre. É nisso que se revela o verdadeiro amor por Cristo. Um amor eucarístico que nos sintoniza perfeitamente com a vontade de Deus Pai.

Assim, ainda vemos que, o amor se revela a partir da confiança total em Deus, em deixar-se guiar pelos caminhos da vida. E o salmo 99, das Sagradas Escrituras, nos ajuda nesse sentido.
“Aclamai o Senhor, por toda a terra. Servi o Senhor com alegria. Vinde, entrai exultantes em sua presença. Sabei que o Senhor é Deus: ele nos fez, e a ele pertencemos. Somos o seu povo e as ovelhas de seu rebanho. Entrai cantando sob seus pórticos, vinde aos seus átrios com cânticos; glorificai-o e bendizei o seu nome, porque o Senhor é bom, sua misericórdia é eterna e sua fidelidade se estende de geração em geração.”

É um salmo de louvor que sentimos a necessidade de fazer ao nosso Deus, como agradecimento por tudo aquilo que faz por nós e pelo seu amor eterno. Nos primeiros versículos, é uma manifestação de fé em um Deus que é o Criador e único e que estabelece a aliança com Israel. Esse Deus é bom e misericordioso, e com o seu amor mantem firme a sua fidelidade em tudo o que Ele fez. O autor do hino manifesta todo o seu louvor expresso pelos verbos que o povo de Israel usava no culto. Deus se torna presente nessas melodias litúrgicas, porém uma presença transcendente, embora que seja até pessoal. Essa presença que se caracteriza pelo seu amor. E o papa emérito Bento XVI falou no dia 22 de junho de 2011 o seguinte a respeito: “Nos salmos de agradecimento e de louvor, recordando o dom recebido ou contemplando a grandeza da misericórdia de Deus, reconhece-se também a própria pequenez e a necessidade de ser salvos, o que é a base da súplica. (…) De tal modo, na oração dos salmos, a súplica e o louvor se entrelaçam e se fundem em um único canto que celebra a graça eterna do Senhor que se inclina diante da nossa fragilidade. Exatamente para permitir ao povo dos crentes que se unam neste canto, o Livro dos Salmos foi dado a Israel e à Igreja. Os salmos, de fato, ensinam a rezar. Neles, a Palavra de Deus se converte em palavra de oração – e são as palavras do salmista inspirado –, que se torna também palavra do orante que reza os salmos. (…) Os salmos são oferecidos ao crente como texto de oração, que tem como único fim o de converter-se na oração de quem os assume e com eles se dirige a Deus.”