Pe. Claudio Pighin

Universo cultural católico na politica de hoje


O mundo católico de hoje se apresenta como uma vivência bem composta e diversificada na política. Isto é, os católicos não são unânimes em seguir uma única linha política, mas cada um segue conforme o seu modo de pensar e viver. Eu, porém, tentaria enuclear asexperiências dos católicos na política sobre dois pilares que chamariaassim: laicidade/identidade e direita/esquerda. O primeiro pilarconjuga consciência-liberdade, mediação da identidade-obediência eintegridade. No segundo pilar polariza conservação, ordem, tradição,mercado, justiça, igualdade, comunidade, inclusão, entre outros. Sãonesses dois pilares que gira o mundo cultural católico no quadropolítico moderno.

Portanto, diria que existe um pilar de caráter eclesial e outro de caráter civil. E o cruzamento desses dois pilares se divide, por sua vez, em outras diferentes posições. A partir daí, podemos constatar, por exemplo, que a consciência da laicidade da política distingue os católicos chamados democráticos dos católicos sociais. Além do mais, em contraposição ao catolicismo democrático se poderia colocar a posição dos católicos intransigentes, que sustentam fé e política em versão de saudade da cristandade pré-moderna e refletem umconservadorismo, tradicionalismo em relação às questões políticasatuais, modernas.

De fato, os intransigentes rejeitam, em geral, a modernidade e usam a democracia como lugar para exercitar adefesa de interesses católicos, enquanto sustentam uma visão estática, atemporal do corpo social, não obstante que possam ser amavelmente prestativos em relação aos mais pobres. Efetivamente, existem católicos ou crentes que são intransigentes porque acham de encontrar soluções para os problemas atuais com a ‘própria’ fé,sem se preocupar tanto em mediações e pesquisas. Quais as consequências de tudo isso? Eu acho que a própria identificação no seu ‘credo’ veio se fechando, encolhendo. Sob o aspecto político, ficam parados a formas do passado, sem se preocupar às novastransformações da época atual.
Essas pessoas têm dificuldades dedialogar, saber escutar. Certamente, essa maneira de agir não é muito cristã, não consegue se identificar com o Mestre Nosso Senhor Jesus. Podemos viver o Reino de Deus se tivermos a capacidade e disponibilidade de buscar mediações necessárias e, portanto, abertos às colaborações, procurando o bem possível que nos leva ao bem absoluto que Deus nos doa no seu Reino.

Assim sendo, compromissados com as frentes de mudança social, preocupados com a grande desigualdade que está aumentada na nossa sociedade,compreendemos a necessidade de uma política que possa melhorar as condições de vida dos cidadãos, sem se deixar atrair pelo mal. É possível isso? Eu creio que sim. Porém, precisamos ser mais atentos em conhecer e aprofundar o nosso ser cristão para fazer uma sériaabordagem no mundo em que vivemos. Não podemos admitir ingenuidades nesta atuação. Tudo se deve verificar à luz da história permeada pela Palavra de Deus e pelo Magistério da Igreja.