Ulisses Laurindo

Gabriel Jesus, mais um


O sucesso imediato do jogador Gabriel Jesus do Manchester City, transformado em apenas dois meses ídolo do futebol inglês e mundial suscita reflexões sobre o estágio do futebol brasileiro, que já foi o melhor do mundo e que vive agora com pequeno horizonte, desde que as crises de corrupção do tempo de Ricardo Teixeira, passando por José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, fizeram grandes estragos. Deve-se também considerar a snesível mutação administrativa do futebol do país após a vigência da Lei Pelé que transferiu do clube para terceiros o domínio que os clubes tinham sobre os jogadores, seus diretos descobridores e alimentadores do progresso de jovens que chegam para as escolinhas normalmente com pouco mais de 10 anos. No tempo de Pelé, Rivelino, Tostão, Jairzinho para citar apenas alguns do rosário do Brasil, os clubes tinham poderes sobre os jogadores e qualquer transferência para outra agremiação todos os valores financeiros eram destinados ao clube dono do jogador. Hoje, não. Neymar foi um exemplo clássico da inversão de valores em relação aos que trabalham pelo futebol. Logo que começou a despontar no Santos muito olheiros viraram sua atenção para o jovem de apenas vinte e pouco anos e, acreditem, venderam o passe do jogador quando ele ainda jogava pelo clube original. O assunto foi para justiça postergado até hoje com claro prejuizo para o futebol brasileiro que, quando podia lapidar o craque, mas com costumes diferentes, vêm como por favor para jogar pela seleção.

Agora é o caso de Gabriel Jesus. Um lampejo de um grande jogador e veja o que aconteceu. Ele ajudou ao Palmeiras a ganhar o Brasileirão de 2016 e logo virou manchete. Não tardou muito e os empresários de olho nas novidades logo arranjaram um cantinho de milhões euros para o jovem de apenas 19, no inicio de sua vida profissional.Resultado: todo mundo ganhou dinheiro com a transação, inclusive ele e um bando de pessoas que pouco fazem pelo futebol a não ser colocar na vitrine a quem pode lhes render proveitos.

Quando Tite precisar formar a seleção brasileira para o restante das eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2018, terá que depender da boa vontade para ter não só Jesus, mas 90% dos jogadores que deixaram o país por interesse de terceiros, com claro prejuízo para o futebol brasileiro, o antes melhor do mundo.