Ulisses Laurindo

Robert Scheidt (XIV)


Quando na décima reportagem da série medalhistas de ouro dos atletas brasileiros, em Jogos Olímpicos, sobre a conquista de Robert Scheidt, disse que voltaria a falar do iatista, hoje, junto do Torben Grael e Adhemar Ferreira da Silva, os maiores laureados, com o título de bicampeões olímpicos. E a promessa se cumpre hoje, mostrando novamente o velejador, desta vez, festejando sua segunda medalha de ouro nos Jogos, realizados em Atenas, Grécia, em 2004, competição que marcou o recorde de medalhas de ouro em toda história olímpica brasileira, com cinco pódios de primeiro lugar.

Outra vez, Scheidt conquistou a medalha de ouro na Classe Laser, consolidando sua liderança nas águas do mundo inteiro. Sua vocação foi comprovada, não apenas no Laser, mas também na outra classe, a Star, esta mais complicada do que o Laser. Depois de Atenas, Scheidt fez parceria com Bruno Prada na Classe Star, seguindo sua trajetória vitoriosa. Nos Jogos seguintes, em Pequim, conquistou a prata e quatro anos depois, em Londres, outra medalha, desta vez a de bronze, ainda com Bruno Prada. Depois disso não pôde mais correr no Star, porque o barco foi retirado do programa olímpico.

Nunca é demais conhecer a história inicial do grande velejador que, agora no Rio de Janeiro, vai tentar o tri olímpico, feito jamais realizado por qualquer brasileiro e, também, pouco comum no mundo, pois é difícil para um competidor suportar o desgaste de 12 anos, porque a competição é disputada a cada quatro anos. Lembro que Scheidt começou a conhecer ás águas quando tinha cinco anos de idade, competindo na Classe Optimist, reservada às crianças. Aos nove anos ganhou o seu próprio barco, começando dali sua histórica campanha na vela, não apenas no país, mas no mundo todo, pois foi várias campeão em mundiais, nestes, campeão por oito anos e, em vários pan-americanos.

Insisto em dizer que o Brasil é um bom celeiro para quem tem condição de praticar o iatismo. A dificuldade para a propagação da modalidade está no fato de ser um esporte caro, constituindo assim na maior defasagem para a sua prática. A maioria dos iatistas goza de boa condição econômica e pode se dedicar por inteiro, respondendo pelas despesas decorrentes na manutenção dos barcos nas garagens dos clubes. Fora a esta dificuldade econômica o Brasil poderia fazer anualmente muitos campeões mundiais, em razão da fartura de mares, rios e lagoas existentes em todo território nacional. Mesmo assim, o Brasil ocupa vanguarda no mundo, sendo reconhecido pelos feitos do próprio Scheidt e Torben Grael, outro bicampeão.