Ulisses Laurindo

Seleção com prata da casa


O modelo de formar seleções brasileiras de futebol praticamente com quase 100% de jogadores que atuam no estrangeiro precisava ser bem avaliado. De pronto fica logo estabelecida a falência financeira dos clubes profissionais do futebol que precipitam a venda do passe dos seus melhores craques para sanar o débil fluxo financeiro e, às vezes, para satisfazer dirigentes que usam o futebol para enriquecer. Por isso, a necessidade de usar gente que joga no exterior, às vezes, na teoria, melhor dos que atuam dentro do país.

A idéia da CBF ordenar que o treinador Tite convocasse só quem atua no país, pode abrir os olhos do carente futebol do país que anda em jejum de grandes títulos desde 2002, quando a seleção de Felipão ganhou no Japão/Coreia, o penta campeonato mundial. Não recorro as estatísticas, mas é fácil comprovar que a trajetória do futebol brasileiro até chegar ao penta não tinha a dependência que domina o continente sul-americano, inclusive na Argentina, modelo de força no passado, hoje vista como trajetória terminal.

O advento da Lei Pelé de enfraquecer a autoridade dos clubes sobre seus jogadores abriu uma brecha muito grande no sistema e daí o clube sabendo que pouco ou nada vai lucrar com seus futuros craques, adotou o sistema de liquidar seu elenco, em parte por interesse da manutenção das finanças do clube e em parte na certeza de ganho com a transação quase sempre milionárias onde todos ganham, menos o futebol brasileiro, que abdicam de seus craques com reflexos negativos em relações aos torcedores que preferem ficar em casa, e assistir pela televisão, outro ângulo que tinha tirou muito do futebol.

Claro que modelo atual de transferir jogadores para o exterior não terá um fim porque hoje futebol passou de um simples espetáculo para o público para fluir como puro marketing, com reservas financeiras para todos os lados. A CBF não vai adotar o sistema de convocar só integrantes que atuam no país, porque a pressão é muito grande, superior ao futebol. Mas que seria um novo caminho e que poderia dar muito certo. Veja o problema como é grande;na Copinha o jogador Vinicius Junior do Flamengo com simples destaque na competição já foi tentado para ir para o Barcelona. O clube rubro negro já arbitrou R$ 200 milhões para ceder o jogador de apenas 16 anos de idade.