Ulisses Laurindo

VAR e seus percalços


Nunca houve tão poucas faltas no Campeonato Brasileiro da Série A. Nas primeiras cinco rodadas de 2019 – uma amostra de 50 jogos – a média de infrações ficou em 27,8 por jogo, o menor número desde 2015, último ano para o qual há dados disponíveis. Este é a primeira edição do torneio que conta com a tecnologia do árbitro de vídeo (VAR).

A queda no número de faltas também fez cair a quantidade de cartões amarelos: foram 207 nas primeiras 50 partidas do ano, mesmo número de 2017. A quantidade de cartões vermelhos é a mesma nos últimos três anos: nove.

Até o número de reclamações formais caiu. De acordo com a CBF, nenhum clube procurou a Ouvidoria da entidade para se queixar de decisões de arbitragem. No ano passado, depois de cinco rodadas, já havia 16 reclamações registradas. Vale ressaltar que o São Paulo chegou a entregar um “dossiê” após um empate em 0 a 0 com o Bahia no Morumbi, mas não percorreu o caminho que a CBF exige para considerar formal uma queixa contra decisões de arbitragem.

O departamento de arbitragem da CBF também mede o impacto direto do VAR no andamento dos jogos. Contando as primeiras 58 partidas do Brasileirão – as seis primeiras rodadas menos os dois jogos desta segunda-feira – o tempo médio de paralisação é de 1 minuto e 50 segundos.
Trata-se de um número acima da média mundial – um minuto e 30 segundos, meta que a CBF quer atingir até o final do ano. Mas o tempo de paralisação não é a prioridade. A ordem é: precisão acima da velocidade. É melhor demorar para acertar do que errar com pressa.

Nas primeiras 58 partidas do Brasileirão de 2019, houve 35 lances revisados pelos árbitros de vídeo. Em 30 deles, o árbitro mudou a decisão que havia tomado em campo. Nas outras cinco, manteve. De novo, trata-se de um número bem acima da média mundial: um lance revisado a cada três partidas. “Isso mostra que os árbitros de campo estão deixando a desejar”, opina Sandro Meira Ricci, ex-árbitro, que apitou na Copa do Mundo de 2018 e hoje é comentarista do Grupo Globo.

NA CBF, a avaliação é de que o VAR já causou efeito positivo no Campeonato Brasileiro, e que ainda vai levar tempo para que árbitros, jogadores, técnicos e dirigentes se acostumem com a tecnologia.