Wellington Silva

Durcides


 

Durcides:

Uma segunda mãe para mim, em meus saudosos tempos de infância!
Nunca mais a vi! E faz tempo que não a vejo!
Me disseram que reside no município de Amapá!
Tinha um cuidado especial com todos, principalmente comigo, que era muito “levado”, “traquina”, “presepeiro” mesmo!

 

Enquanto Tia Irene (in memorian) me chamava de “careca”, porque até os 6/7 anos tinha apenas um “bolinho” de cabelo na cabeça, Tia Luiza me batizou de “chiquinho”, um macaquinho prego danado que era da saudosa Professora Virgolina, que morava na Presidente Vargas, bem ao lado do Restaurante Boscão. Como o “chiquinho” não parava e era por demais “artista”, e eu era um pouco a imitação de sua “arte” nas árvores, na pitombeira, nas mangueiras, ficou o apelido de “chiquinho”!

 

Durcides era zelosa, serena, paciente, alegre, gentil, prestativa, sempre muito atenciosa comigo nos meus tempos de criança. Morou conosco um bom tempo!

 

Lembro perfeitamente quando fomos para o município de Amapá, de onde é suas origens, e papai, Professor João Lourenço da Silva, para lá foi instalar o que hoje chamamos de ensino fundamental e médio. Passávamos o dia rodando em estrada de chão, em caminhão, na rural da Secretaria de Educação ou mesmo no Willys de papai, atravessando rios em improvisadas balsas, até chegar na “boquinha da noite” no município de Amapá. Morávamos em uma vila de casas construída pelo governo, onde ali se instalavam e moravam diversos funcionários responsáveis pelos destinos da bucólica região.

 

Foi neste bucólico ambiente que convivemos com Durcides, durante anos, e depois nos mudamos para o município de Oiapoque, com o Professor João Lourenço encarregado da mesma missão: dotar a região de estrutura e mecanismos necessários para a educação!

 

Era uma época em que tudo ou quase tudo estava por fazer e poucos tinham a ousadia e determinação para encarar tais desafios. E Durcides, como um braço direito e um braço forte, sempre ao lado de mamãe, Laura Josefa, encarou todos, junto com a gente…

 

Depois, tempos depois, se formou para Professora, casou, construiu família, e nunca mais a vi, ficando somente uma grande e imensa saudade de uma fantástica e grande alma, alma sempre doce, zelosa, alegre, serena e gentil.

 

Se Noel pudesse me dar um presente, meu presente seria o de ver Durcides, dar-lhe um grande abraço, contar histórias antigas, rever memórias que o tempo e o vento não apagam…