Wellington Silva

Entreguismo e protecionismo


O que fizeram com o Brasil nestes últimos tempospara chegarmos a esse resultado atual se possuímos grandes reservas petrolíferas e minerais, riquezas que outros países não possuem?

Me parece que o histórico problema não está no governo e sim na velha e perversa política entreguista que sempre define e direciona rumos ou caminhos contrários ao desenvolvimento real de uma Nação livre, soberana e economicamente independente.

O que até hoje chama a atenção de jornalistas e pesquisadores socialistas e liberais quando se fala do modelo norte-americano?

Eles possuem e defendem uma política protecionista. Fixam tarifas alfandegárias elevadas e seletivas para proteger a sua indústria e concedem subsídios para favorecer o crescimento de empresas que comprovadamente geram empregos, renda e desenvolvimento. Eles realizam ótimos investimentos em ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, energia e saneamento, um dever de casa imperativo para nós brasileiros. Eles possuem um bom banco nacional e um eficiente sistema estatal de financiamento da produção. O mais incrível de tudo, historicamente falando, é que essa base política de desenvolvimento foi lançada por Alexander Hamilton, um dos fundadores dos Estados Unidos da América, logo após a independência do país, ocorrida em 04 de junho de 1776, data em que foi selada a autonomia das Treze Colônias, sob a liderança do general George Washington.

Lamentavelmente, a política entreguista brasileira, por décadas na contramão, inversa e ao contrário da política norte-americana e de muitos países europeus e asiáticos, promoveu a desnacionalização sistemática da indústria, principalmente de setores considerados por determinados segmentos ideológicos e políticos como setores-chave da indústria de produção. E então, “finou-se” em transferir seu controle a capitais estrangeiros.

A remessa de lucros dessa velha política entreguista, como a dos combustíveis, atualmente se constitui uma política perversa. Brasileirospagam e pagam muito alto por um produto que são constitucionalmente proprietários. E é justamente a delegação de controle interno e administrativo dos setores estratégicos da economia de um país que define seu rumo para o desenvolvimento ou para o buraco, para melhor ou para pior!

TRADUÇÃO: Se não é protecionista é entreguista!

Eis que as empresas multinacionais dominam o ambiente econômico nacional e impedem o surgimento de forças internas que eliminem os entraves de seu pleno desenvolvimento ou libertação econômica, para ser mais claro!

Nos últimos 40 anos, Japão, Alemanha, Estados Unidos, Suécia e Coreia do Sul usaram medidas protetivas, subsídio estatal, controle sobre investimentos estrangeiros, fiscalização do capital volátil e apoio às empresas privadas locais como estratégias de crescimento, desenvolvimento e inserção soberana no processo de mundialização.

Em nosso País, em nome de um saturado pseudoliberalismo, ou neoliberalismo, condena-se a proteção das empresas locais e se pratica a longtime (muito tempo) o entreguismo de nossas riquezas.

Túnel do tempo: Em 1947 é iniciado um grande movimento nacionalista, a Campanha do Petróleo, movimento que contou com a ativa participação do escritor Monteiro Lobato, general Leônidas Cardoso (pai do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso), general Júlio Caetano Horta Barbosa e Arthur Bernardes (ex-presidente do Brasil) que liderou o Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, solenemente instalado no dia 21 de abril de 1948. Já naquela época, como hoje, setores liberais fizeram feroz oposição aos nacionalistas. Logo a campanha ganhou às ruas e a simpatia popular. Em 1951, o presidente Getúlio Vargas encaminhou projeto de lei 1516 ao Congresso Nacional propondo a criação do Petróleo Brasileiro. No dia 03 de outubro de 1953 assinoua Lei 2004 e criou a Petrobrás, deflagrando a histórica campanha O Petróleo é Nosso!

A gasolina era barata e não havia entreguismo de nossas riquezas.

Daí perguntamos:

O que fizeram com o Brasil nestes últimos tempos? O petróleo é nosso?