Wellington Silva

Lutero foi inspiração ao antissemitismo e nazismo?


 

Martinho Lutero foi fonte de inspiração para o antissemitismo e o nazismo?

 

Infelizmente, a resposta é sim, Martinho Lutero inspirou e muito influenciou com seu pensamento e obras o antissemitismo e o nazismo no mundo.

 

Se, por um lado, muitos historiadores, pesquisadores, teólogos e cientistas políticos admiram Lutero por sua coragem e fé ao desafiar a Igreja, sob risco de vida, e traduzir do grego para o alemão os textos sagrados bíblicos, por outro consideram monstruosas suas atitudes e obras contra judeus, negros e ciganos.

 

O historiador Robert Michael certa vez escreveu e comentou o fato de Martinho Lutero dedicar boa parte de sua vida contra os judeus. As obras de sua autoria intitulada Von den Juden und ihren Lügen (“Sobre os Judeus e Suas Mentiras“) e Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi (“Do Inefável Nome e da Santa linhagem de Cristo”) , ambas escritas em 1.523, são absurdamente descabidas.

 

O monge alemão afirmava categoricamente que os judeus “não eram o povo eleito, mas o povo do diabo”. Aconselhava seguidores a incendiarem sinagogas judaicas, destruir livros judaicos, proibir rabinos de pregar, apreender seus bens e dinheiro e expulsá-los ou fazê-los trabalhar forçosamente. Também incentivava assassinatos, escrevendo:

 

“É nossa a culpa em não matar eles”!

 

Mesmo após sua morte o antissemitismo luterano persistiu. Durante o ano de 1.580 diversos judeus são espancados e expulsos de vários estados luteranos alemães.

 

Até hoje predomina entre historiadores a opinião de que a retórica antijudaica de Lutero sem dúvida alguma muito contribuiu para atiçar o antissemitismo na Alemanha. E foi justamente entre 1.930 e 1.940 que ocorreu o ápice das trevas da fundamentação teórica e de propaganda do ideário nazista contra judeus, ciganos e comunistas.

 

Adolf Hitler, em sua autobiografia Mein Kampf, considerou Martinho Lutero como uma das maiores figuras da Alemanha. No dia 5 de outubro de 1.933 o Pastor protestante Wilhelm Rehm de Reutlingen declarou publicamente para uma multidão fanatizada que “Hitler não teria sido possível sem Martinho Lutero”. Mês depois, em novembro de 1933, uma manifestação protestante reúne na Alemanha um recorde de 20.000 pessoas, e aprova três resoluções:

 

Adolf Hitler é a conclusão da Reforma; Judeus Batizados devem ser retirados da Igreja; o Antigo Testamento deve ser excluído da Sagrada Escritura.

 

O editor do jornal nazista Der Sturmer, Julius Streicher, em 1.945 declara o seguinte em sua defesa, no histórico Tribunal de Nuremberg:

 

“Nunca havia dito nada sobre os judeus que Martinho Lutero não tivesse dito 400 anos antes”.

 

Historiadores como William Shirer e Michael Hart afirmam que a retórica e as obras antissemitas de Lutero certamente causaram forte impacto no meio protestante e muito influenciaram no processo de aceitação da ideologia nazista. Em sua obra intitulada Ascensão e Queda do Terceiro Reich, William Shirer faz a seguinte observação:

 

“É difícil compreender a conduta da maioria dos protestantes nos primeiros anos do nazismo, salvo se estivermos prevenidos de dois fatos: sua história e a influência de Martinho Lutero (para evitar qualquer confusão, devo explicar aqui que o autor é protestante). O grande fundador do protestantismo não foi só antissemita apaixonado como feroz defensor da obediência absoluta à autoridade política. Desejava a Alemanha livre de judeus (…) — conselho que foi literalmente seguido quatro séculos mais tarde por HitlerGöring e Himmler”.

 

Conclusão: Haverá coincidência histórica entre nazismo e fanatismo bolsonarista, com propagações de ondas de violência, vandalismo e terror contra opositores e contra tudo aquilo que absurdamente a eles representem “obras e culturas do demônio, ou coisas do diabo”?

 

A resposta está com você, caríssimo leitor!