Wellington Silva

Professores Tostes e Savino


 

O Amapá lamentavelmente perde nesta semana duas grandes referências da educação e da cultura amapaense:

Professor Edgar Tadeu de Matos Tostes, mais conhecido como Professor Tostes, e José Figueiredo de Souza, popularmente conhecido como Savino.

O primeiro, Professor Tostes, foi um grande edificador da educação amapaense e a ela muito se dedicou durante toda a sua vida pública numa época em que tudo ou quase tudo estava por fazer no Território Federal do Amapá.

Nossa capital, Macapá, ainda era uma bucólica e provinciana cidade durante os anos 70 e 80 e a educação ainda estava em seu processo de desenvolvimento, com muito a se pensar, planejar e executar.

Integrando uma equipe de primeira linha na Secretaria de Educação, Cultura e Esporte o Professor Tostes ajudou a pensar, planejar e a desenvolver planos, programas, projetos, ações que certamente moldaram o corpo e a forma do que hoje chamamos de ensino fundamental, ensino médio e educação profissionalizante, dando uma significativa e histórica contribuição intelectual, por décadas seguidas.

Ao lado de grandes e notáveis educadores tais como os professores Nilson Montoril, Carlos Nilson, João Lourenço, Geraldo Leite, Paulo Guerra, Annie Viana, Maria Alves de Sá, Albertina Guedes e Madalena, juntos construíram o corpo do planejamento da educação do Amapá.

Em 2007 a Assembleia Legislativa do Estado do Amapá outorga o título de Cidadão Amapaense ao Ilustre Professor Edgar Tadeu de Matos Tostes pelos relevantes serviços prestados ao povo amapaense como educador, diretor, chefe, assessor, Secretário de Estado de Educação e empreendedor de atividades culturais no Estado do Amapá.

Falar de José Figueiredo de Souza, popularmente conhecido como Savino, é também viajar no tempo e relembrar a fase pioneira da educação, da cultura popular e da Fundação de um dos maiores blocos de sujos do país:

A Banda!

Me lembro perfeitamente que em meados dos anos 70 o Savino já era “o cara”, no melhor dos sentidos!

Eu, ainda “garotão”, fui levado até o SESI por papai, Professor João Lourenço da Silva, para praticar natação com o saudoso radialista e Professor de Educação Física, Osmar Melo, e Judô, com o Professor Barata.

O diretor do SESI era o Savino e na época já se divulgava nos quatro cantos da cidade de Macapá que ele estava fazendo um verdadeiro trabalho revolucionário e popular no Serviço Social da Indústria, o SESI, com apoio do comércio e empresariado.

Seu popular projeto consistia em usar ao máximo toda a estrutura do SESI para ministração gratuita de aulas de natação, vôlei, judô, basquete, futebol, atletismo, ginástica rítmica, balet, tênis de mesa, etc, com o objetivo de proporcionar melhor qualidade de vida às crianças, jovens e adolescentes, e despertar novos talentos.

Não demorou o SESI “pinhô” (encheu) de gente! Eram “moleques” pra todo lado com seus familiares, querendo usufruir das novidades!

Como liderança natural que era Savino sempre tinha um toque de Midas em tudo o que fazia, com muita determinação e eficiência.

Creio sinceramente que é por isso a sua histórica e merecida consagração pública, em Macapá, como Presidente de Honra de um dos maiores blocos de sujos do carnaval brasileiro:

A Banda, fundada em 1.965 por ele e por outros históricos e abnegados brincantes tais como Amujacy, Jarbas Gato e Zequinha do Cartório, na fase do território federal do Amapá, em meados do regime militar recém instituído.

E todos cantavam, uníssonos, a antológica canção carnavalesca A Banda, de autoria de Chico Buarque, escrita e composta em 1.966, e vencedora do II Festival de Música Popular Brasileira:

“Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, pra ver a Banda passar, cantando coisas de amor. A minha gente sofrida, despediu-se da dor, pra ver a Banda passar, cantando coisas de amor…”