Wellington Silva

Uma anistia muito além do absurdo


 

Já dizia meu saudoso pai, Professor João Lourenço da Silva, que “uma cousa é uma cousa e outra coisa é outra coisa”.

Não tem como você comparar a anistia concedida a exilados políticos em 1.979 com a absurda tentativa atual de concessão de anistia a um bando de malucos fanáticos!

Logo eles, que quase destruíram o Congresso Nacional, o prédio do STF e o Palácio do Planalto, navegando numa louca onda de golpe de estado!

 

Próximo da Anistia completar 45 anos, os anistiados de 1.979 pelo presidente João Figueiredo simplesmente lutaram contra um estado eminentemente “absolutista” onde as liberdades individuais e coletivas foram castradas, a produção cultural e a imprensa foram rigorosamente policiadas ou por vezes censuradas e a atividade sindical praticamente inexistia. O Congresso Nacional foi praticamente silenciado, amordaçado, e a Justiça servia apenas para atender interesses do poder centralizador, entenda-se, a chamada “Junta Militar”. Esse duro regime se deu a partir de 1.964 em nosso “país tropical abençoado por Deus e bonito por natureza”, “pra frente Brasil”!

 

Com a chamada Abertura Democrática vem a Anistia a presos e exilados políticos e logo depois ocorre o Movimento Diretas Já, entre maio de 1.983 a 1.984, conclamando populares, artistas, políticos e intelectuais a pedirem eleições livres e diretas para presidente.

 

Contando com a participação de diversos artistas, intelectuais e políticos de renome tais como Milton Nascimento, Fafá de Belém, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães, Brizola, Teotônio Vilela, José Sarney, Lula, Fernando Henrique Cardoso, Miguel Arraes, e tantos outros, o Movimento acaba culminando na promulgação da nossa histórica Constituição Cidadã, em 1.988.

 

 

Mas, a pergunta que não quer calar é:

Como historicamente comparar os anistiados de 1.979 com um bando de malucos fanáticos, vândalos predadores destruidores do patrimônio histórico nacional e mundial, o Congresso Nacional, o prédio do Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto?

Não senhores, tempo passará, eu “passarinho”, e todo este rico patrimônio histórico continuará lá em Brasília, perene, para as próximas gerações…

Os anistiados de 1.979 lutavam no Brasil contra um regime centralizador absolutista e defendiam o restabelecimento do estado democrático de direito com eleições livres e diretas e ainda eram chamados de agitadores e subversivos!

Os de hoje, lamentavelmente e tristemente não só defendem o golpe de estado como também quase destruíram as instalações da sede do parlamento brasileiro, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, fatos gravíssimos legalmente considerados como crime não só no Brasil como em qualquer outra nação livre.

Quem são hoje, na verdade, os verdadeiros agitadores do terrorismo político doméstico tupiniquim?