Wellington Silva

Zumbiarte


O Zumbiarte está aí, ali, aqui e acolá e veio para ficar como grande essência de expressão plástica de nossa identidade cultural, costumes, tradições, nosso povo, nossa terra, nossa gente…

A nona exposição deste fantástico grupo da arte plástica tucuju intitulada IX Zumbiarte, Exposição de Artes Visuais, Resistir para Existir, no espaço cultural de exposições da UNA, a União dos Negros do Amapá, chamou a atenção de todos no decorrer da programação semanal do Encontro dos Tambores.

Sob a liderança e participação dos velhos amigos, carnavalesco e artista plástico Egídio Gonçalves, o grande escultor e artista plástico Grimualdo e o nosso querido e irreverente, como eu, artista plástico Damasceno e fotógrafo Paulo Gil, o Zumbiarte veio para fazer a diferença em conceitos e boas expressões plásticas e da arte visual.

Os novos e bons talentos, artistas plásticos Abmael Art e M. Silva, e a escultora Graça Sena, são simplesmente notáveis! Talentos que precisam ser observados, notados, sentidos, e fundamentalmente divulgados e valorizados na sociedade.

Inicialmente, a obra do velho amigo, carnavalesco e artista plástico Egídio Gonçalves, denominada Tião, o nego fujão, com seus traços, tons, nuances, cores fortes e vibrantes, expressam dor, cativeiro, tortura, humilhação, sofrimento, abandono e necessidade de libertação. Já o irreverente Damasceno nos presenteia em forma de expressão plástica com uma linda deusa tucuju com suas belas e abundantes formas, a anatomia perfeita de uma deusa coberta apenas com um pequeno e transparente lenço cobrindo suas nádegas esculturais.

Disse a ele:

– Dá vontade de puxar o lenço, de tão sedutora que é a expressão física da obra!

O também velho amigo Grimualdo dispensa comentários, quer seja como escultor ou pintor. A força expressiva de suas obras, tanto no campo da escultura como da pintura, traduzem uma profunda comunicação visual sobre tudo, absolutamente tudo que represente nosso universo cultural, marabaixeiros e marabaixeiras, tocadores de caixa, dança, toque e ritmo, simbologia e/ou símbolos na arte criada.

O revolucionário fotógrafo Paulo Gil, um amante da arte visual, da anatomia humana, mostra-nos diversidade na expressão corporal e, como bem faziam os gregos, com suas monumentais e belas esculturas.

Mas, as grandes e boas revelações no universo plástico tucuju são, sem dúvida alguma, repetimos, os artistas plásticos Abmael Art e M. Silva e a escultora Graça Sena.

O trabalho de Abmael revela bem elaborados cenários da história de nosso povo, o habitat natural na Mãe África, sentimento maternal, a pureza da criança, beleza feminina e os navios negreiros. São formas, expressões, anatomias perfeitas sempre a evidenciar sentimentos de um povo antes livre e pouco depois escravo.

O artista plástico M. Silva também segue a mesma linha temática, embora com um estilo diferente, dosado com cores vibrantes e personagens a evidenciar momentos de nossa história.

E finalmente, a jovem escultora Graça Sena e sua química própria, criativa, mostra-nos, por exemplo, que os tambores do Marabaixo, monumento do Marco Zero do Equador e todas as formas culturais de expressão no Amapá podem ser uma coisa só como pura representação tucuju.

Parabéns ao seleto grupo, para que continuem sempre valorizados e inspirados a presentear o Amapá com obras de tão boa qualidade!