Heraldo Almeida

O Curiaú está dentro de mim e do meu negro olhar


Conhecido com o endereço e a inspiração dos poetas e compositores tucujus. Curiaú ou cri-a-ú, uma criação de bois.Distante a 8 km da capital Macapá, é formada por dois pequenos núcleos populacionais “Curiaú de Dentro e Curiaú de Fora”. Constitui-se em uma das raras comunidades negras existentes no País. O Curiaú é também uma área de preservação ambiental (APA), que tem como objetivo a proteção e conservação dos recursos naturais e ambientais da região. Embora muitos espaços de sua área já tenha sido invadidos pelos homens da cidade. Mesmo assim os moradores da APA do Rio Curiaú lutam para preservar além da beleza natural da região, que ali habita, da memória dos antigos escravos trazidos no séc. XVIII para a construção da Fortaleza de São José. Foram eles os formadores dos pequenos núcleos familiares que originaram a Vila do Curiaú (antigo quilombo) e as demais comunidades existentes na área.

Residem atualmente na Área de Proteção Ambiental no Rio Curiaú, cerca de 1.500 pessoas divididas em quatro comunidades – Curiaú de Dentro, Curiaú de Fora, Casa Grande e Curralinho. Para essas pessoas a preservação da beleza local é uma questão de sobrevivência: é preciso manter os peixes, as garças e a graça do lugar.

O negro está presente na história do Amapá desde o começo da ocupação em meados do século XVIII. Os primeiros chegaram à região em 1751, trazidos como escravos por famílias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia e Maranhão, que vinham povoar Macapá. Em seguida começaram a ser importados da Guiné Portuguesa, principalmente para a cultura do arroz. O maior contingente veio a partir de 1965 para a construção da Fortaleza São José de Macapá. Em abril desse mesmo ano, o governo do Grão-Pará mantinha 177 negros escravos trabalhando no forte. Alguns morreram de doenças como o sarampo e a malária e por acidente do trabalho. Outros conseguiram fugir aventurando-se pelo Lado do Curiaú.

Nessa região o português Manoel Antônio Miranda, mantinha propriedade, na chamada Lagoa de Fora e não se importou de acolher os escravos. Também os franceses que procuravam fixar-se na margem direita do Rio Araguari estimularam a formação de quilombos. Em 1862, quando a população de Macapá era de 2.780 habitantes, os negros escravos somavam 722, cerca de 25%. A comunidade negra sempre contribuiu para a formação cultural, econômica, social e política do Amapá. O Curiaú é um exemplo dessa contribuição.

Agora falando da poesia do lugar, lá no chamado “quilombo”, moram pessoas maravilhosas, e as que visitam o lugar se encantam com tanta beleza, capaz de dizer que ali é um paraíso, e é mesmo. Nossos letristas-compositores chegam a dizer que o velho Curiaú serve de fonte inspiradora para suas obras musicais e literárias. Como o cantor e compositor amapaense, Val Milhomem, que destacou em uma de suas canções, “Pras Minhas Paixões”, que “O Curiaú não é no sul, está dentro de mim, do meu negro olhar e da minha solidão”. Emoção profunda pelo orgulho de assumir sua identidade e reconhecer a importância daquele lugar diante do mundo e dizer que esse canto do Brasil é no Amapá e não do lado de lá.

 

  • Reforma

Museu Sacaca está passando por reforma e no início de março voltará a reabrir com novos projetos artísticos culturais, com nova administração.

 

  • Visita

Visitei, ontem (11), o Iepa e Museu Sacaca (av: Feliciano Coelho – Trem), a convite do novo gestor, Jorge Souza.
Um belo e encantador ambiente natural, com temática regional, bem no meio da cidade.
Visite e conheça as riquezas do homem da floresta tucuju.

 

  • Canto de Casa

Nome do projeto musical realizado pela Associação dos Músicos e Compositores do Amapá (Amcap), e que estará de volta no início de março.
Um repertório regional que canta a nossa aldeia com uma linguagem bem amazônica.

 

  • Na Beira do Rio

Nome do show musical que a família Bastos vai realizar, dia 19 (sexta), no Pier Rio Amazonas, Trapiche Eliezer Levy, às 21h.

 

  • Solidariedade

Programação beneficente “S.O.S PAULINHO TUPINAMBÁ”, dia 28 de janeiro, na av: José Tupinambá (antiga Nações Unidas), entre as ruas José Serafim e São José – Laguinho, a partir das 12h.
Apresentação de artistas locais, sorteio de prêmios e outras atrações. Cartelas à venda. Informações: 98112-633.

 

  • Bandaia

Projeto Roda de Bandaia está de volta domingo (14), no Quiosque Norte das Águas, no Araxá (Complexo Marlindo Serrano), a partir das 16h.

 

  • Bloco Pererê

Domingo, 14, tem programação do Bloco Carnavalesco Pererê, comemorando 46 anos de criação, lançamento do site e a temporada para o carnaval 2018.
Esquina do Colégio Amapaense e Praça da Bandeira (av: Iracema Carvão Nunes e Gal. Rondon) – Centro, a partir das 16h.

 

  • “Eu Sou Daqui”

Título do show musical que os cantores amapaenses, Amadeu Cavalcante Brenda Melo, irão realizar no dia 3 de fevereiro, véspera dos 260 anos da cidade e Macapá. Aguardem informações.