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12 anos sem Brizola

Defensor dos direitos humanos, recebia críticas de todos os lados, principalmente na decisão de só permitir a subida da força militar quando fosse inevitável e não como passou a ser rotina com a ideia de, ser preciso for, o massacre, com o sem razão.


Ulisses Lairindo – jornalista
Articulista

A última terça-feira, 21, passou sem conhecimento do povo brasileiro sobre o 12º aniversário da morte de Leonel de Moura Brizola (1922/2004), o combatido político, único a dirigir dois estados do país, deixando um legado de probidade e de amor ao Brasil.

Nascido em Carazinho, Rio Grande do Sul, Brizola foi governador e, mais tarde, como fizera anteriormente, incentivou, no Rio de Janeiro, a educação modelo que contribuiria para tornar o Brasil autossuficiente, tendo como base a educação. Com a filosofia educacional de Darci Ribeiro e concepção arquitetônica de Oscar Niemeyer, no Rio construiu quinhentos centros integrados de educação pública (Cieaps), com três pavimentos e dotados de bibliotecas, refeitórios e dormitórios, com regime de horário integral, permitindo às crianças entrarem às 7h e sair às 17h, alimentadas, fortalecidos através da educação física e, clinicamente, atendidas na parte médica e odontológica.

O legado de Brizola ultrapassa o ideal que tinha de emancipar o país através da educação. Durante seus governos de 1983 a 1994, no Rio, imprimiu no estado a conduta que deveria ser de todos os políticos, ou seja, visar o bem-estar da população.

Defensor dos direitos humanos, recebia críticas de todos os lados, principalmente na decisão de só permitir a subida da força militar quando fosse inevitável, e não como passou a ser rotina com a ideia de, ser preciso for, o massacre, com o sem razão.

Nacionalista do mais alto grau, com amor ilimitado ao país, Brizola não se abstinha de fazer críticas àqueles que se aproveitam no estado para se servir. Foi notória a grande luta que travou com o Sistema Globo, de rádio, jornal e televisão, ao qual ele rebatia sem medo de represália à sua vida pessoal, por ter agido com a certeza de um bom cidadão. Durante seu duplo mandato privilegiou as crianças, às quais mostrava grande veneração e, atendendo também sem racismo, a parte negra da população, nomeando para vários quadros estaduais auxiliares de cor.

Os sucessores ao governo – Moreira Franco e Marcelo Alencar – não deram sequência à obra em favor da população mirim do estado e nem anunciaram uma nova política educacional, sepultando de vez os Cieps e, depois, para justificar o desserviço, alegavam como desculpas que era concepção de Primeiro Mundo, transformaram-nos em escolas estaduais, mais para cursos noturnos. O que nasceu para dar mais esperança à educação brasileira ficou só como esperança até que apareça um novo Leonel de Moura Brizola, e o partido criado por ele, o PDT, que foi responsável pelos melhores quadros da política nacional.


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