CRÔNICA DE UM MÉDICO (Clínico): as “injeções de VIDA”!!!
Relatou que seu garoto, filho único, corria e sentia-se mal na escola; gradualmente, cansado, sem a mínima disposição para brincar, como é peculiar dessa faixa etária; chegando ao extremo de desmaiar no recreio, sendo socorrido em um pronto-atendimento.

Eram os idos dos anos 2000; em uma tarde quente do verão equatorial na Amazônia Oriental, quando uma jovem e distinta senhora, com seus destacados traços caucasianos fortes, acompanhando seu filhinho, de aproximadamente, 05 anos de idade, adentrou meu consultório.
Com expressão facial tensa, porém serena, ela cumprimentou: – “boa tarde, doutor”. Saudei-a com a educação de praxe; logo ela expôs o motivo de suas preocupações…
Relatou que seu garoto, filho único, corria e sentia-se mal na escola; gradualmente, cansado, sem a mínima disposição para brincar, como é peculiar dessa faixa etária; chegando ao extremo de desmaiar no recreio, sendo socorrido em um pronto-atendimento.
Após escuta atenta, avaliação do quadro clínico e evolutivo, somando-se exame físico geral e os exames laboratoriais complementares de diagnóstico, os quais foram realizados na emergência hospitalar); não tive dúvidas: estava diante de mais um caso de diabetes mellitus do tipo 1 (DMT1= INSULINO-DEPENDENTE)!
Notícia nada animadora para aquela mãe, que em sua angústia e desespero, previa um futuro de dores e sofrimentos para a sua criança; lágrimas discretas escorreram de seus olhos azuis…
Na qualidade de pai, não somente de médico assistente, consegui empatizar com sua dor; a partir daquele instante, os meus olhos também marejaram…
O paciente, vendo a expressão de tristeza e o choro contido da sua mamãe, externou certa agitação e começou a chorar, compulsivamente; mas a calma e tranquilidade de sua genitora, que o pegou no colo, acalmou sua insegurança infantil.
Expliquei, ponto a ponto, o tratamento à base de insulinas (esquema basal / “bolus”), a indicação de nutrição pediátrica para ajustes alimentares e as dosagens de taxa da glicose na ponta de dedo (glicemias capilares).
Meses depois, mãe e filho retornaram sorridentes ao consultório; detalhadamente, ela relatou-me como a suade e qualidade de vida do seu filho melhoraram, rapidamente, com as insulinas prescritas! Segundo a mesma, após o início da terapêutica prescrita, ela percebeu que seu filho voltara à vida normal… nas palavras dessa mãe: – “ eu fiquei muito triste em saber que eu teria de aplicar injeções todos os dias no meu filho, pelo resto de seus dias; porém, quando o vi pela janela, a correr, brincar e sorrir novamente, eu percebi que a insulina era INJEÇÃO DE VIDA; eu jamais negaria a vida ao meu filho”!
Perdi contato com aquela família querida, porém soube que mudaram de estado e passavam bem, principalmente, o menino (hoje um rapaz), que cheio de VIDA estava realizando os seu sonhos e projetos.
*Adivaldo Vitor Barros, M.:M.:, CIM.: 368/23, IRB.: 10.330
Cátedra # 07 da A.A.M.L. (MD/ Bra, PhD/ EUA, PD/ Arg)
Médico, Teólogo, Pesquisador e Escritor
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