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O abandono das famílias

Em 1984, o antropólogo Darci Ribeiro, para reforçar a tese da integração da  família, analisou as escolas integradas, alunos o dia todo nas escolas, dizendo que,  sem elas,  com  uma população carente,  no futuro, poderíamos ter um exército de trombadinhas assaltando e matando nas ruas.



Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

O drama terrível vivido e sofrido pelo povo brasileiro é acompanhar o noticiário diário sobre fatos que levam o cidadão ao desassossego, principalmente no campo do atentado à vida, no desconforto da mobilidade urbana, na falta de moradia e, ainda, quanto ao ensino geral, salvação de qualquer povo.

No bojo dessas iniquidades a família nunca é lembrada no seu grande valor no equilíbrio social, nunca atentando ao que Martinho Lutero (1483/1546) escreveu, dizendo que a “família é a fonte da prosperidade ou da desgraça dos povos”.

À luz da verdade, pouco discordam que a origem do desequilíbrio social do países está na desarrumação das famílias. Os casos de violência contra a vida, com a participação de menores, comumente são oriundos de lares sem o pátrio poder. As medidas de amparo às famílias cedem lugar a outros valores, provando assim o peso da inércia nesse ponto.

A meta dos governos é realização de grandes obras sem, contudo, ter a preocupação com as famílias para as quais faltam todo tipo de alívio, como moradia para seus filhos. Já vimos que a intenção da política , em geral, é mostrar serviços realizando obras suntuosas, necessárias, mas tais obras não atendem ao mínimo planejamento familiar, embora obras estruturais sejam obrigatórias e necessárias, porém sem atender prioridades. Muitas das vezes não trazem os benefícios esperados, concorrendo para mais um ponto aguçado no equilibro doméstico.

Em 1984, o antropólogo Darci Ribeiro, para reforçar a tese da integração da família, analisou as escolas integradas, alunos o dia todo nas escolas, dizendo que, sem elas, com uma população carente, no futuro, poderíamos ter um exército de trombadinhas assaltando e matando nas ruas.

A profecia de Darci Ribeiro hoje é realidade. Nesses 30 anos, cerca de 20 milhões de jovens caíram na criminalidade por falta de escola e desamparo às famílias, quando, como estudantes, poderiam realçar a política contrária ao crime.

As leis, quando mal aplicadas, geram violência e, com elas, as injustiças. O governo, por mais que acene com programas como o Minha Casa Minha Vida são, no todo, medidas inócuas sem a expansão que o programa exige.

O Brasil do Século XXI pode se julgar desenvolvido, mas deveria se preocupar mais com o desenvolvimento das famílias, substituindo muitos programas por medidas em favor das famílias, porque nelas vinga a verdadeira harmonia que faz uma sociedade feliz.

Dói conviver com casos como o divulgado na semana passada em que a mãe de dez filhos está ameaçada de morte por um deles, logo que sair da prisão, onde estão, também, cinco dos seus irmãos.


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