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Pela possibilidade de escolha

Vale dizer que liberdade é exatamente a possibilidade de escolha. É a faculdade de acolher ou não as oportunidades que se apresentam.


Fátima Pelaes – Socióloga
Articulista

A história da humanidade se confunde com a luta da mulher pela liberdade. Uma saga que se inicia com a tomada de consciência feminina de seus direitos e a determinação de fazer valer todas as suas possibilidades e prerrogativas. Um esforço, coletivo ou individual, de se libertar do jugo masculino, de combater o uso da força para a obtenção da tão sonhada independência. Uma luta que continua e se aprimora. E agora assume aspectos mais sutis, exigindo conhecimento e, acima de tudo, sabedoria para não cair em artimanhas colocadas pela sofisticação do mundo moderno.

Vale dizer que liberdade é exatamente a possibilidade de escolha. É a faculdade de acolher ou não as oportunidades que se apresentam. Do contrário, cada conquista feminina nada mais seria que uma nova exigência a ser seguida, uma nova obrigação a ser obedecida. Decididamente, uma armadilha que deve ser evitada a todo custo. Liberdade não pode se confundir com imposição. Ao longo da história, a luta da mulher procura assegurar alternativas, o direito de fazer uso de uma opção preferencial.

Assim, a mulher, ao longo dos séculos, vem lutando pelo direito de trabalhar, pela possibilidade de assegurar o sustento da prole, junto com o companheiro, sem esquecer, no entanto, as obrigações próprias e inalienáveis que possui junto à família. Até por que cabe à mulher um papel fundamental de cuidado e atenção à família imposto pela própria natureza da espécie. Uma atribuição determinante que não comporta meio termo. Trabalho e família são, portanto, uma opção que a mulher assume segundo suas condições e decisão pessoal.

Portanto, se em condições favoráveis a mulher assume o papel de mãe e mulher dentro da célula familiar, não está fazendo nada mais do que utilizar um direito legitimamente conquistado. Está fazendo uso de sua liberdade de escolha. É o que acontece com Marcela Temer, esposa do vice presidente Michel Temer. Inteligente e bela, Marcela usou sua liberdade para optar por um caminho que a torna feliz. O que não anula nem afronta outras mulheres que decidiram pela carreira profissional ou luta política.

Decididamente, não se trata de papéis excludentes. Mas tão somente de uma opção consciente e determinada. “Que nada nos defina, que nada nos sujeite”, sentenciou Simone de Beauvoir, a maior ícone do pensamento libertário feminino. Portanto não cabe patrulhamento, definições preconceituosas nem imposições quando a liberdade é quem tem a palavra final. Cabe, finalmente, o respeito e o reconhecimento de quem faz uso deliberado de sua própria independência. Só isto.


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