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Picaretas versus achacadores

Lembram, em 2006, a Máfia do Orçamento? Chegou a hora da Câmara ficar isenta desses adjetivos, porque um dia o povo acorda e passa peneira fina em quem não presta.



Ulisses Laurindo
Articulista

O desabafo de Cid Gomes, acusando que na Câmara Federal existem quatrocentos achacadores, referindo-se especificamente aos deputados, é adjetivo que se assemelha ao que já foi dito há pelos menos duas décadas pelo cidadão Luiz Inácio da Silva, afirmando que nessa mesma Câmara tinham trezentos picaretas. Para os estatísticos fica provado que, nesse período, houve um aumento de 25%, considerado alarmante, não fosse a Casa local de normas de conduta da ética e que deveria ocupar elevado conceito.

Não se pode culpar os eleitores porque o seu voto foi dado consciente. Ocorre, entretanto, que de boa fé ele foi o elo da recondução de nomes que já freqeentam a política nacional por 24 anos ou mais. Se a política brasileira não evoluiu e vive em tempos diversos, então será o caso do eleitor procurar conhecer novos nomes que possam alimentar seguras esperanças. As más escolhas ensejam atos como o do pernambucano Cid Gomes, aparentemente corajoso ou contrariado, jogando lama numa instituição representativa do povo.

Não é novidade a reação contra os maus políticos. Em razão disso, a classe não tem valor junto ao público que os avalia com baixo índices de aprovação. A campanha para conquistar passagens para as esposas nos seus locais de trabalho, inversão completa da ordem moral, pois o trabalhador comum não tem esse privilégio. Da mesma forma, o povo fica sem entender o projeto de aumento das verbas partidárias, para beneficiar pequenos e grandes partidos num momento de grande arrocho financeiro no país.

E mais: nas gavetas do Congresso permanece trancada por vários anos, à esperada reforma política, por onde grandes avanços poderiam ser arquitetados. A reforma seria capaz de tocar para frente vários problemas que hoje travam o desenvolvimento e têm o clamor da população. Uma decisão objetiva chegaria à maioridade e um destino mais correto à demanda juntos aos jovens.

Assunto como o ocorrido na Câmara Federal, quando os Deputados são comparados a marginais, corre o mundo inteiro, igualando o país aos dos quarto mundo, sepultando o lado bom de um território continental.

O eleitor não é culpado pela escolha de seu voto, pois seu pensamento, quando o faz, leva-o a pensar no melhor e não na hipótese de ser traído A classe política não tem de fato conceito junto à população face aos sucessivos escândalos na Casa que deveria ser o exemplo máximo de comportamento. Lembram, em 2006, a Máfia do Orçamento? Chegou a hora da Câmara ficar isenta desses adjetivos, porque um dia o povo acorda e passa peneira fina em quem não presta.


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