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Promessas em estado terminal

A desconfiança dos eleitores é o fato de saberem da prática usual. Mesmo que o autor queira de fato concluir o que prometeu, pode encontrar pela frente obstáculos e, por fim, mesmo sendo bom parlamentar acaba se juntando aos que nada fazem.


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Não é de se estranhar a indiferença do eleitor quanto às promessas feitas pelos candidatos à Presidência, no convívio com a mídia, o que representa o reflexo do descrédito herdado pela classe política, que comumente usa tal estratégia procurando ganhar a confiança do eleitor. Faltando 39 dias para as eleições de 7 de outubro, o número de indecisos é enorme, índice que deve baixar próximo ao pleito, porém, com perspectivas de manutenção ligada à fragilidade moral de parte dos políticos. E não é para menos. O clima de incertezas ética e moral que tomou conta do Brasil conduz o eleitor a não confiar em promessas, pela falta de sinceridade dos autores, e também em razão do clima nada feliz existente na vida nacional, cujos reflexos se alastram na Economia, no Judiciário e no Congresso Nacional.

A desconfiança dos eleitores é o fato de saberem da prática usual. Mesmo que o autor queira de fato concluir o que prometeu, pode encontrar pela frente obstáculos e, por fim, mesmo sendo bom parlamentar acaba se juntando aos que nada fazem. É natural que o candidato, como fez Ciro Gomes, queira tirar quem está no SPC. É bom dizer: mesmo que Ciro tenha mecanismo para levar avante a medida, vai encontrar enormes barreiras. O que dizer de quem tiver a coragem de mexer no desmatamento? Terá primeiro que vencer os madeireiros, que agem também para atender um país que em 48 anos cresceu a população em 130 milhões, sendo portanto compreensível alguns deslizes.

Isso é apenas a ponta do iceberg em relação a outras saídas, visando favorecer o povo.

Negar a realidade atual, visando boas soluções, é insistir no sofrimento e não querer dar mãos à palmatória, pois exemplos vivos o Brasil experimentou na tentativa de reformar setores da Previdência, da Política, dos tributos e de tantas outras, por existirem grupos que não interessam à mudança, como, por exemplo, na área da política que convive com mais de 30 partidos, do voto dos analfabetos e, também, a polêmica Maioridade Penal, clamada por meio mundo como início de solução para a violência entre os menores.

Está aí o porquê dos eleitores ficarem com o pé atrás quanto às promessas, sabendo que a realização do projeto não depende da racionalidade da mudança, mas de vários meios, claro, nocivos aos interesses de quem se julgará prejudicado em sua tranquila vida parlamentar, alguns beirando a quase ou mais de três décadas.

Para bem sintonizar a tese do presente artigo, busco reforço na autoridade de ministro Delfim Neto, em publicação no Diário de Amapá de quarta-feira, sob o título ‘Enrolação contra a democracia’ em que escreve: Na última semana os candidatos a ‘salvador da pátria’ afirmaram, com convicção irresponsável, que a levarão de volta ao crescimento robusto, equânime e sustentável. Espertamente não revelaram como, para não dar a “deixa” aos inimigos. O desenvolvimento econômico, condição necessária para o aumento do bem-estar da população, é apenas o outro nome do “aumento persistente da produtividade do trabalho”. Melhor diagnóstico, só procurando em manuais, e é por onde os candidatos devem seguir, mas convencer quem é do contra é tarefa difícil e, por isso, os brasileiros vivem o impasse há tantos anos, e com tudo nas mãos para fazer uma Nação privilegiada, dependendo apenas de união.


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