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Só a educação emancipa

Isso vem muito a propósito em relação ao ex presidente Lula, ora exibindo um quadro grave da deficiência da educação do país, o que reflete a necessidade do governo criar programas de atendimento à pobreza


Ulisses Laurindo – Jornalista
Articulista

Carinhoso cuidado o articulista deve ter quando aborda temas polêmicos com a certeza de que desenvolverá o raciocínio das matérias sem a imaginação de que o assunto será esclarecido sem a pretensão de que o assunto está esgotado, sem abalar a opinião dos leitores de emitirem seus conceitos. Quero falar do sistema escolar brasileiro e sua deficiência para a formação de um povo a quem, por direito, é reservada a convicção na hora de decidir ou opinar.

Isso vem muito a propósito em relação ao ex presidente Lula, ora exibindo um quadro grave da deficiência da educação do país, o que reflete a necessidade do governo criar programas de atendimento à pobreza, o alvo maior de política populista. A manifestação de apoio a Lula que, como governos anteriores, em nada beneficiaram a educação e a cultura.

O Brasil em toda sua história nunca cuidou da educação com o valor merecido. O regime escolar do país segue as mesmas linhas adotadas em países líderes mundiais na educação, como Estados Unidos, Japão, Noruega, Dinamarca e Finlândia, cujas bases curriculares seguem os modelos da maioria das nações com a diferença fundamental de que nesses locais a educação é vista como desenvolvimento, porque está em jogo o bem-estar do povo. No Brasil, pouco se esforça para mudar o quadro, sendo, porém, lembrada apenas nos períodos eleitorais com as promessas de futuros do parlamentares.

Nos países citados, as crianças começam o estudo, como no Brasil, cercadas de patriótico dever de fazer de cada jovem autêntico cidadão que, mais tarde, servirá ao país. Na Tribuna da Internet, órgão que trata de assuntos políticos, o articulista Antonio Rocha contou que, recentemente, assistiu a uma palestra de um professor que esteve na Finlândia, deixando como lição que no regime dquele país o Estado é uma coisa e Governo outra, permitindo que a educação reine soberana, sem interferência no desenvolvimento a favor do povo. Disse ainda que durante os debates se falou em Paulo Freire, lembrado a todo instante por profissionais de lá.

A deficiência da educação no país vem se agravando desde o momento em que foram retirados requisitos mínimos para fortalecer o sistema, com a extinção do currículo de matérias como Organização Social e Política Brasileira (OSPB) e Estudos dos Problemas Brasileiros (EPB), matérias importantes no conjunto educacional sem interesses junto aos legisladores, assim como foram sacrificados Moral e Cívica, ética, cidadania, respeito às instituições, ecossitema e seres humanos.

A carência de ensino adequado para libertar o povo de falsas armadilhas não decorre na falha de currículo, mas da falta de amor à população e ao país.

Paulo Freire, que lutou no seu tempo por uma educação capaz, tem como parceiro na luta pelo ensino, ao seu lado, Leonel Brizola, que no Rio de Janeiro e Rio Grande Sul imaginou uma era radiosa para o ensino, logo combatida pelos inimigos do setor, e os Cieps (Centro de Educação Pública), modelo inspirado no primeiro mundo, naqueles países já citados, para atender as ambições políticas, acabaram esvaziados em prejuízo da classe carente, que contava com merenda farta, assistência médica e odontológica e de lazer em nove horas integrais.

A continuidade de obras na linha de Paulo Freire e Brizola, além de Darcy Ribeiro, teríamos extirpado o analfabetismo, propiciando a triste realidade de hoje de não se enxergar a dimensão do populismo e querer o retorno de quem tanto mal praticou.


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