Veteranos em campo, futuro no banco
Maior exemplo do futebol do Amapá não veio da base de nenhum clube local – Igor Paixão

Tarciso Franco
Da Redação
O futebol amapaense insiste em repetir um roteiro já conhecido: apostar em jogadores veteranos, muitos deles em fim de carreira, enquanto a categoria de base segue esquecida — ou quase inexistente — dentro dos clubes locais. É uma escolha que custa caro, dentro e fora de campo, e que pouco contribui para a construção de um projeto sólido e duradouro.
O passado recente ajuda a ilustrar bem essa realidade. O Trem, por exemplo, trouxe Marcos Vinícius, jogador com vasto currículo, passagem pelo Flamengo e até participação como jurado no tradicional baile Rainha das Rainhas. No campo, porém, o resultado foi decepcionante, marcado mais por vexames do que por futebol.
O Ypiranga seguiu caminho semelhante ao contratar o meia-atacante Nélio, também ex-Flamengo. Aqui, o atleta passou mais tempo no departamento médico do que atuando, recebendo salário elevado, gerando despesas astronômicas ao clube e protagonizando episódios lamentáveis, como desentendimentos físicos com dirigentes do Negro-Anil.
O Santos do Amapá apostou no uruguaio Beto Acosta, já em fim de carreira, mas com passagens por clubes como o Corinthians. Apesar da idade, foi artilheiro, campeão estadual e ainda assumiu o cargo de treinador. Um caso que, embora tenha tido retorno esportivo, não muda a lógica do improviso e da dependência de nomes experientes.
De volta ao Trem, o clube apostou em Aleilson, outro com passagem pelo Flamengo. No Amapá, conseguiu ser artilheiro do Amapazão e teve bons momentos com a camisa rubro-negra. Mesmo assim, após várias temporadas, o veterano foi anunciado para defender o Independente em 2026, mantendo o ciclo de contratações baseadas no passado, não no futuro.
Mais recentemente, o Oratório anunciou a contratação do atacante Thiago Ribeiro, conhecido nacionalmente por sua passagem pelo Santos da Vila Belmiro. Mais um nome de peso no currículo, mas que reforça a pergunta: até quando os clubes do Amapá vão priorizar o passado em detrimento da formação?
Enquanto isso, o maior exemplo de sucesso do futebol amapaense nos últimos anos não veio da base de nenhum clube local. Igor Paixão, revelado na escolinha Zico 10, construiu sua trajetória longe do futebol estadual, passando por Coritiba, Feyenoord, chegando ao Olympique de Marselha, da França, e vestindo a camisa da Seleção Brasileira Sub-20.
O recado é claro. O futebol amapaense precisa parar de enxergar veteranos como solução mágica e entender que investir na base não é gasto, é investimento. Renovar é urgente. Sem isso, o Amapá seguirá vivendo de lampejos do passado, enquanto o futuro permanece no banco de reservas.
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