Cidades

Candidatos questionam decisão da banca de avaliação racial da Unifap no PS 2021

Alefe Queiroz, de 22 anos, foi aprovado no PS 2021 da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), mas teve sua inscrição indeferida pela banca avaliadora de heteroidentificação étnico-racial.


Lana Caroline
Da Redação

 

Estudar e conseguir a tão sonhada vaga no curso pretendido era o que tinham mais de 100 alunos que foram aprovados no Processo Seletivo (PS) 2021 da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), mas depois tiveram a inscrição indeferida pela banca avaliadora de heteroidentificação étnico-racial, que concede a vaga através da política de cotas.

Um dos candidatos, Alefe Queiroz, de 22 anos, aprovado para o curso de Medicina, afirma que foi aprovado na primeira avaliação de heteroidenticação, mas, seis dias depois teve seu nome retirado da lista de aprovados sem saber o motivo.

“Ao todo, passamos por três processos avaliativos, sendo a primeira avaliação online, onde enviamos fotos e vídeos para que a banca avaliadora desse o parecer. No primeiro, recebi parecer positivo, ou seja, a banca me considerou pardo, sendo que me declarei pardo. Depois de seis dias, sem nenhuma justificativa plausível, a julgar que eles tinham levado um mês e meio para fazer o julgamento de todos os candidatos, eles refizeram a avaliação de todos, o que é um pouco suspeito, aí o segundo parecer que recebi foi inadmitido. As mesmas pessoas que tinham me aprovado antes, me desaprovaram sem uma justificativa”, disse Alefe.

Dos 109 candidatos reprovados, apenas oito foram aprovados pela banca avaliativa de heteroidentificação étnico-racial da UNIFAP, fazendo com que muitos sejam prejudicados, com risco de perderem suas vagas, principalmente próximo de iniciar o ano letivo 2021.1.

“Entrei com recurso administrativo e fui para uma avaliação presencial. Na avaliação, passamos por outra banca, com cinco pessoas. Ao todo, a entrevista durou 1 minuto e meio, e depois dessa banca eu recebi um parecer indeferido. É necessário levar em consideração outras coisas, porque não estamos desmerecendo a luta de quem compõe a banca, são pessoas que fazem parte do movimento negro, são estudadas para fazer isso, mas o questionamento é que algumas pessoas foram, de fato, prejudicadas com esse processo. Queremos que isso seja reavaliado e que as pessoas prejudicadas tomem posse da vaga que elas lutaram e têm direito”, enfatizou o aluno.

Alefe foi aprovado em Medicina pela UNIFAP e pela Universidade Federal do Pará (UFPA), neste ano, mas deixou de ficar na cidade vizinha por ter conseguido a vaga no Amapá, onde mora com sua família. “Eu conversei com especialistas nesse tempo, e me disseram que sou uma pessoa negra-parda, e tenho direito a vaga. Tanto que a UFPA, onde passei em medicina esse ano, eu passei pelo processo de heteroidentificação por lá e fui aprovado por unanimidade, e aqui, no meu estado, onde eu tanto batalhei, eu fui desaprovado. Eu defendo a heteroidentificação para evitar fraudes, mas o jeito que foi feito, a falta de transparência e, talvez o excesso de rigor, tenha prejudicado alguns candidatos”, contou Alefe.

O Diário do Amapá tenta contato com a Universidade Federal do Amapá.


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