Cidades

Especialista alerta para necessidade de diagnóstico precoce da tuberculose

No dia nacional de combate a doença, o pneumologista Paulo Sérgio Picanço explica que tratamento tardio pode resultar em sequelas gravíssimas que o paciente conserva para toda a vida.


O pneumologista amapaense Paulo Sérgio Picanço alertou na manhã desta sexta-feira (17) no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) sobre a necessidade de diagnóstico precoce da tuberculose porque, segundo ele, o tratamento tardio pode resultar em sequelas gravíssimas que o paciente conserva para toda a vida. No Dia nacional do Combate a Turberculose, Paulo Sérgio revela que o Brasil tem avançado muito no combate à doença, mas no Amapá a taxa é considerada alta, em conseqüência principalmente do consumo de cigarro.

“Essa epidemiologia continua matando muita gente, por isso a importância de se fazer o diagnostico bem precoce, porque o diagnóstico tardio resulta em sequelas gravíssimas que o paciente vai levar para o resto da vida, principalmente a bronquiectasia, que é a dilatação crônica dos brônquios dando origem ao catarro mucopurulento, isto é, causando muita secreção. A prevenção é muito importante; tossir a partir de 10, 15 dias, por exemplo, já pode considerar crônica, e nesse caso a pessoa deve ir logo ao médico porque quando tosse alguma coisa não vai bem no seu pulmão; pode procurar o clinico, nem precisa ser pneumologista, porque o exame de Raio-X constata ou não algum mal, e nesse caso o paciente se submete ao exame de B.A.A.R (Pesquisa de Bacilos Álcool-Ácido Resistentes) para confirmar ou não a doença.

De acordo com o médico a cada ano 70 mil novos casos e 4,1 mil mortes ocorrem no Brasil causadas pela doença: “A tuberculose é uma doença que não pede permissão para entrar, entra mesmo, é transmissível. Ao contrário do que se pensa, entretanto, essa transmissão não se dá através de objetos, mas sim exclusivamente pelo ar, isto é, se a pessoa estiver em um grupo com outras que têm tuberculose e tossindo, dependendo do sistema imunológico fatalmente vai contrair a doença. E apesar da queda de casos no Brasil, levantamento do Ministério da Saúde mostra que a cada ano 70 mil novos casos e 4,1 mil mortes são registradas”.

O especialista adverte que o tratamento não pode ser interrompido: “Os desafios são muitos, e um dos maiores desafios é exatamente quando o paciente começa e deixa de fazer o tratamento, porque o quadro caminha para a tuberculoso muito resistente, e quando transmite para outra pessoa já transmite resistente, ficando muito mais difícil de cuidar, de manipular, daí a importância de seguir o tratamento de maneira correta, tomar remédio de forma correta, porque a doença tem cura, mas quando deixar de fazer tratamento cria resistência, cria bacilo muito resistente”.

Conforme Paulo Sérgio explicou, não há um tempo determinado para a cura total da doença: “O tempo de cura é muito relativo; o normal são seis meses, mas quando se torna multiresistente não dá para determinar o tempo, pode ser um ou 2 anos, depende do sistema imunológico de cada paciente. A cura total é muito relativa, porque muitas vezes paciente caminha para uma cura e o bacilo faz uma espécie de internação bacilo, se vê atacado por vários antibióticos e ele hiberna, se recolhe, fica em ambiente muito desfavorável e qualquer vacilo do paciente a tuberculose pode voltar. Mas se você tem adesão imediata ao tratamento em cerca de dez, 15 dias o bacilo fora da célula é esterilizado muito rapidamente e deixa de transmitir a doença com esse tempo de tratamento. Depois é só tomar de forma correta a medicação que vai ser curado”.

A alta incidência da doença no Amapá, segundo o médico se deve em sua maior parte, ao consumo de cigarros: “O cigarro é um mal terrível, e mais ou menos 30% da população fuma; considerando, por exemplo, que a população gira em torno de 500 mil pessoas, são cerca de 150 mil fumantes; isso é gravíssimo; todo mundo conhece os malefícios do fumo, não precisa ficar dizendo, principalmente hoje que você conta com folha de tabaco geneticamente modificada que torna o cidadão mais viciado ainda; isso é gravíssimo”.


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