Cidades

Médico diz que crise afeta hospitais de todo o país, mas aponta melhorias no Amapá

De acordo com o clínico geral e médico intensivista do Centro de Terapia Intensiva do CTI do HE e do Hospital São Camilo, em Macapá, Cláudio Leão, os principais avanços são na área cardíaca, mas ele critica a falta de investimentos do SUS.


Ao comentar na manhã desta segunda-feira (26) no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) os problemas estruturais de oito hospitais do Distrito Federal (DF) constatados por inspeções feitas pelo Ministério Público do DF e seis conselhos profissionais da capital federal, o clínico geral e médico intensivista do Centro de Terapia Intensiva do Hospital de Emergências (HE) e do Hospital São Camilo, em Macapá, Cláudio Leão, afirmou que a crise afeta não apenas os hospitais, mas a saúde pública de todo o país, e isso decorre, na opinião dele, da falta de investimento, principalmente por parte do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Segundo o médico, mesmo diante de muitos gargalos, em especial no que chamou de “porta de entrada das urgências e emergência”, referindo-se ao HE, a área de saúde do Amapá teve muitos avanços nos últimos anos: “Existe no SUS a assistência básica, intermediaria e de alta complexidade. No Amapá temos algumas ilhas de excelência, outras nem tanto, mas na questão cardiológica tem melhorado substancialmente o atendimento. Os serviços de hemodinâmica no São Camilo, que funciona desde 2002, vêm sendo modernizados permanentemente, na realidade isso vem acontecendo em toda a área cardíaca, como cirurgias e cateterismo, oferecendo melhor suporte de atendimento aos pacientes de alta complexidade na área cardíaca pela equipe coordenada pelo doutor Eduardo monteiro. Mas no contexto do estado também temos visto sensíveis melhorias, no entanto as dificuldades são muitas por causa da falta de investimentos por parte do SUS, não apenas na porta de entrada, o Pronto Socorro, como também nas demais áreas”.

 

Para o médico, o maior gargalo da saúde pública de todo o Brasil é na urgência e emergência: “O relatório apresentado pelo CRM mostra casos de pacientes em macas espalhadas nos corredores ou colchões sobre o chão dos hospitais do Distrito Federal, mas isso não é só no DF, porque isso acontece no país inteiro, inclusive no Amapá. Urgência e Emergência são os grandes gargalos, porque a área de saúde não acompanhou o crescimento populacional, o envelhecimento e o aumento de doenças crônicas, por exemplo, diabete e hipertensão. Sem controle nos laboratórios aumenta a demanda nas urgências e emergências”.

 

Cláudio Leão também criticou a tabela do SUS: “Esse aumento da demanda, que também é impacto pelo crescimento da violência, a gente percebe diariamente. Isso tudo acaba repercutindo no atendimento, por causa da sobrecarrega imposta aos profissionais da área de saúde. Outro fator precisa ser considerado é a tabela do SUS, que não é reajustada há muito tempo; isso afeta os hospitais, não apenas os públicos, mas também os particulares que sãso credenciados. Para se ter ideia, uma consulta custa algo em torno de R$ 15 reais para o SUS, o que é aviltante. Nós melhoramos muito no que diz respeito ao resgate de pacientes de urgências e emergências nas ruas, mas nas portas é complicado. No entanto, como a saúde está sendo discutida em nível nacional, eu espero que isso seja resolvido”.

 

Problemas estruturais
Membros do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e de seis conselhos profissionais acompanharam durante sete meses a rotina de oito hospitais da capital federal e constataram, em todos eles, sérios problemas estruturais nas instalações, superlotação, falta de medicamentos, de leitos, de profissionais, equipamentos quebrados e risco de infecções.

 

O relatório aponta que o quadro é mais crítico nos prontos-socorros, nas internações, nas unidades de terapia intensiva (UTI), nos centros cirúrgicos e nos serviços pediátricos e de obstetrícia, mas se agrava ainda mais por causa falta de investimentos e da má gestão.


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