Entrevista

A sociedade cobra que com 35 anos você esteja casada, com filhos

Após viver uma relação abusiva, advogada decide conhecer 40 países antes dos 40 anos, compartilha essa experiência inspiradora, que lhe rendeu histórias, um livro, muitos amigos e a recuperação emocional de que precisava.


Cleber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – Silvia, nos conte um pouco sobre você. Onde nasceu, morou, cresceu, enfim, faça uma autoapresentação aos nossos leitores?

Silvinha Montovani – Meu nome é Silvinha Mantovani, fiz Direito, mas nunca exerci a profissão. Também fiz um Master em Direito de Família pela Universidade de Barcelona, acabei trabalhando muitos anos em uma consultoria e em uma empresa de alimentação no setor de vendas. Agora mesmo estou em Barcelona, mas nasci no interior do Paraná (PR), na região de Maringá. Sou de uma cidadezinha chamada Lobato, vivi sempre entre Lobato e Inaja (Inaja fica próximo a Lobato, passei toda minha infância e adolescência lá). Sou caipira, “pé vermelho” mesmo. Queria deixar bem claro que sou de uma família bem humilde, meu pai era alcoólatra e violento, veio a falecer em razão do vício, então tive que lutar muito na vida para conseguir fazer faculdade, e agora realizar meu sonho. Digo isso porque em outra entrevista que dei, recebi muitas críticas, porque as pessoas acham que sou rica, que meu pai que banca as minhas viagens e isso às vezes machuca a gente, porque lutei muito na vida. Comecei a trabalhar com 12 anos, e agora estou aí, me aventurando pelo mundo.

 

Diário – E O que é de fato o projeto 40 antes dos 40?

Silvinha – O objetivo do projeto “40 antes dos 40”, a princípio, era bem pessoal. Havia acabado de sair de um relacionamento abusivo, onde até minha família havia sido ameaçada de morte, estava com 35 anos, e meio que inspirada pelo livro “Comer, Rezar e Amar”. Fui parar em Roma, lá me deu uma loucura e decidi que queria conhecer 40 países antes dos 40 anos. Peguei todas as minhas economias e fui parar na Irlanda… Lembro que comemorei os 36 anos lá na Irlanda mesmo, com pessoas que conheci ali. Mas depois, incentivada por amigos, comecei a escrever sobre isso e acabou virando uma página no Facebook, que está virando um blog.

 

Diário – EHá quanto tempo está viajando?

Silvinha – Perdi as contas de quanto tempo estou viajando. Não penso muito nisso, apenas penso em cumprir o objetivo. Faltam 5 países e só tenho dois anos para terminá-lo.

 

Diário – O que mais aprendeu nessas viagens, que experiências você poderia destacar?
Silvinha – O aprendizado na vida é algo constante. Estamos sempre aprendendo, infelizmente, aprendendo mais com as coisas ruins que com as boas, mas tudo na vida é aprendizado. Viajar abre nossa mente, nossa alma e suaviza nosso coração. Você descobre a leveza da vida nas estradas que o mundo tem.

 

Diário – Qual o maior desafio?

Silvinha – O maior desafio é vencer seus próprios medos. Por exemplo, morro de medo de altura e até pulei de paraquedas! Cada vez que entro em um avião, me transformo em uma engenheira aeronáutica, cada ruído diferente eu já fico pensando: será que a asa vai cair, será que o motor está funcionando? Imagina uma pessoa que é apaixonada por viajar ter medo de altura? Pois eu tenho! E enfrento esse medo cada vez que subo em um avião! .

 

Diário – Viajar renova a alma?

Silvinha – Viajar renova tudo! Sempre digo que um passaporte salvou minha vida!

 

Diário – Hoje, você acredita que não precisa de ninguém para ser feliz de fato?

Silvinha – Terminei um relacionamento longo da pior maneira possível, eu já estava com 35 anos, e a sociedade cobra que com essa idade você esteja casada, com filhos, etc. Depois de tudo, decidi colocar o pé na estrada e queria que fosse sozinha, sem homem na jogada. Acho que acertei, porque hoje me sinto super preparada para poder entrar em um novo relacionamento. Sou uma nova mulher, livre de todas as coisas ruins que aconteceram no passado. Penso que se você não consegue ser feliz sozinha, jamais será feliz por completo estando com outra pessoa. Você pode até suprir uma carência, mas a sua felicidade só depende de si mesmo. A experiência de viver outras culturas, de conhecer coisas diferentes é inexplicável. Sempre digo que isso vale mais que uma faculdade, deveria fazer parte de um currículo.

 

Diário – E depois de conhecer todos os 40 países, qual é o próximo plano?

Silvinha – 50 países antes dos 50 anos? (risos). Ou sei lá, conhecer todas as capitais brasileiras? A única certeza que tenho é que nunca vou parar de viajar.


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