Entrevista

Crédito para casa própria será com zero papel

O presidente da Caixa, Carlos Vieira, afirma que lançará uma nova linha de crédito para o consumo, com foco no público de baixa renda, em até 20 dias. Segundo ele, a ideia é que a análise seja feita por meio do behavior score, que vê mas o histórico do bom pagador


O presidente da Caixa defende que consumo e oferta de crédito impulsionarão o crescimento

 

Cléber Barbosa
Da Redação

 

Diário do Amapá – Presidente, essa metodologia considera não só o nome limpo do cliente nos birôs de crédito, mas o histórico de bom pagador de contas de água, luz, telefone e outras despesas?
Carlos Vieira – Não seria um microcrédito. Seria acesso ao crédito, baseado em behavior. O grande sucesso de alguns varejistas no Brasil se deu nesse processo. O que o cidadão de baixa renda mais preza é o seu cadastro. É ter o nome limpo. Ele vai poder comprar o que ele quiser.

 

Diário – O estímulo ao consumo e a oferta de crédito, segundo isso, são fundamentais para o crescimento econômico. Essa é a visão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também partilhada pelo senhor?
Carlos – O presidente Lula tem uma forma de se comunicar com a sociedade que é muito própria. Eu sempre falo que a equação do crescimento macroeconômico se baseia no conceito de consumo mais investimento. Ou você induz o crescimento do PIB via consumo ou via investimento. Ou os dois juntos”, afirma. “O que o presidente Lula fala é que é necessário trazer mais gente para o mundo do consumo. A relação entre crédito e PIB no Brasil caiu em um passado recente. Temos um universo para crescer.

 

Diário – O senhor tem afirmado que é necessário diálogo constante entre os três Poderes. Para isso, o Legislativo recuperou protagonismo no debate político e tem contribuído para o desenvolvimento do país?
Carlos – Trouxemos a discussão da relação política para um ambiente em que os Poderes precisam dialogar. Cada um tem sua ferramenta de barganha. O Legislativo tem a sua, o Executivo tem a sua. Mas o Brasil tem que ganhar com isso. Não são as pessoas que têm que ganhar. Eu acho que o grande aspecto é esse. Se a sociedade ganha com um processo desse, muito legal. Eu acho que tem que ser feito um reconhecimento ao Legislativo atual no Brasil, porque ele retomou protagonismos que há 30 anos não aconteciam.

 

Diário – Como o senhor vai atingir, de maneira prática, os três objetivos estabelecidos para a sua gestão que são o desenvolvimento de pessoas, os resultados e a melhoria de processos?
Carlos – O processo da educação corporativa é fundamental. Quando você agrega valores do ponto de vista de educação corporativa aumenta todo o acervo, a disposição do colega que está lá no dia a dia, atendendo, liderando equipes. Procurei saber qual era o absenteísmo que nós tínhamos na empresa, quantas pessoas estavam ausentes e quais os motivos da ausência. Nós temos que cuidar disso, cuidar das pessoas, da saúde delas, do bem-estar delas, para que elas trabalhem em um lugar feliz. Esse é o primeiro aspecto.

 

Diário – E quantas pessoas estão ausentes?
Carlos – Em torno de 3,6% do nosso quadro está em absenteísmo (a Caixa possui 87 mil empregados). Não é um quadro dos mais preocupantes. Mas quanto menor o absenteísmo, melhor. O absenteísmo em torno de 2% ou 1,5% é um número ideal. O segundo aspecto é a capacitação. Nós perdemos o timing na Caixa e temos que recuperar o processo de educação corporativa. Sucatearam a nossa universidade corporativa e temos que recuperar isso. Uma das minhas origens na Caixa é a educação. Fui instrutor da empresa durante muitos anos, formador de gerentes. Isso é uma preocupação que eu tenho. Primeiro com o bem-estar e segundo com a capacitação das pessoas. Em relação às pessoas é esse o aspecto.

 

Diário – E em relação aos resultados?
Carlos – Eu acho que do ponto de vista dos resultados, construídos, recorrentes, com a capacidade que nós temos de avançar em produtos bancários traremos um novo patamar para a Caixa. Não precisa a gente ter as melhores taxas, as maiores taxas, as maiores margens, mas nós precisamos ter margens compatíveis com a atividade. A Caixa tem que estar sempre no primeiro quartil de qualquer que seja análise que seja feita. Esse é o principal ponto em relação à construção de resultados. E aí o resultado da Caixa é distribuído de uma forma diferente dos bancos. De uma maneira geral, bancos de capital aberto levam o seu resultado para os acionistas. No nosso caso, a gente transfere esse resultado na forma de benefício social, seja pagando dividendos ao governo, ajudando, inclusive, na meta fiscal, quando eu devolvo recursos para o governo.

 

Perfil

Carlos Vieira – Vieira é economista, servidor de carreira da Caixa, ex-presidente do Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa, e ex-secretário-executivo do Ministério das Cidades durante o governo Dilma Rousseff.

 

Formação Acadêmica
– Ele é formado em Economia e Estudos Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guarabira, que atualmente leva o nome de Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

 

Experiências na vida pública

– Carlos Antônio Vieira Fernandes é funcionário de carreira da Caixa Econômica, banco onde trabalha deste 1982. Na política, tem experiência como secretário-executivo e diretor de desenvolvimento institucional do Ministério das Cidades, cargos que assumiu em 2016

– Também já foi diretor-presidente da BRB Financeira e presidente do conselho de administração da Companhia Brasileira de Transportes Urbano (CBTU).

– À época em que Vieira foi nomeado pela pasta, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado de Arthur Lira, comandava o Ministério das Cidades. Vieira ficou na função até 2019.

– Antes de ir ao Ministério da Cidades, Carlos Vieira foi secretário-executivo e diretor do Ministério da Integração Nacional. À época, o ministro era Gilberto Occhi (PP).

 

 


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