Entrevista

“Fui tocado pelo sentimento de amapalidade da cultura local”

Presidente do IPHAN faz balanço de viagem ao Amapá para assinatura de protocolo de intenções com o governo do estado, envolvendo a área do município de Calçoene e o Museu Joaquim Caetano da Silva, em Macapá


 

Cléber Barbosa
Da Redação

 

Diário – O senhor acabou tendo uma imersão naquilo que a gente aqui está tentando conjugar como sendo o sentimento de amapalidade, o que ficou dessa estada no Amapá presidente?
Leandro Grass – Sim, já fui tocado por essa amapalidade, por esse sentimento de muito amor por essa terra, por essa cultura que é tão forte, então foi um período muito importante ao longo dessa semana, a partir do convite que recebemos do governador Clécio, do senador Randolfe e também das lideranças aqui da sociedade civil, do marabaixo, da capoeira, enfim, para que a gente pudesse fazer essa imersão nos territórios. A gente ainda tem muita coisa para visitar ao longo desses meses, mas a nossa Superintendência segue atuando muito forte aqui no estado, na figura do nosso querido Michel Flores e toda a equipe, fazendo um trabalho muito importante. O Iphan está num momento muito importante, de reabertura, de reconstrução também.

 

Diário – Qual o roteiro de sua viagem ao Amapá?
Leandro – Nós estivemos em Calçoene, em Amapá, na [antiga] Base Aérea, visitando todo aquele complexo de grande valor histórico. Fizemos também encontros importantes aqui [em Macapá] com a União dos Negros e Negras do Amapá, tivemos também com a equipe do IEPA que faz um trabalho incrível na área de arqueologia e produção científica, e outros encontros também super importantes, como o próprio governador, celebrando o protocolo de intenções.

 

Diário – Que prevê exatamente o que presidente?
Leandro – O Amapá foi selecionado PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, no governo do presidente Lula, com dois projetos na área do patrimônio, um é o projeto de restauro do Museu Joaquim [Caetano da Silva] que é muito importante para a história da cidade, do estado e do país; o outro foi o Parque do Solstício, lá em Calçoene, um sítio de grande importância também não só arqueológica, como também sobre astronomia a história dos povos originários. E hoje a gente está aqui, celebrando esses importantes resultados e construindo novas parcerias, como os projetos ligados à capoeira, que estão em curso; a diversidade linguistica também, do Oiapoque, os povos e as comunidades indígenas aqui do estado.

 

Diário – Embora o senhor tenha visitado a Base Aérea do Amapá ela não está incluída agora nesse pacote do novo PAC, não é, o chamado PAC Seleções?
Leandro – Exatamente, o PAC foi retomado agora e no caso do patrimônio cultural nós temos duas linhas de atuação: uma é de execução de obras, assim como a gente faz a reforma de casa, de qualquer outra coisa, a gente tem sempre que ter o projeto. Então havia 138 projetos, elaborados nos governos anteriores, mas que as obras não tinham sido executadas, então vamos executar agora, obras de restauro, de conservação, de requalificação urbana em áreas tombadas, e também abrimos um edital, esse do PAC Seleções, de seleção de novas propostas para a elaboração de projetos.

 

Diário – Já tem uma parcial do que chegou ao Instituto?
Leandro – Foram 105 propostas acolhidas, de um total de quase 800 apresentadas em todo o Brasil; o Amapá apresentou 3 propostas através do governo estadual, e nós selecionamos duas, que são essas o parque do solstício e o museu Joaquim Caetano.

 

Diário – O Amapá tem duas demandas reprimidas históricas, uma ferrovia histórica aqui, como também para aeródromos, onde a antiga base aérea poderia ser enquadrada, o que deve demandar imagino outra articulação do estado e suas lideranças políticas, não é?
Leandro – É, o PAC tem vários eixos, várias linhas. Na educação, na saúde, na infraestrutura urbana, no eixo da cultura, então no caso aqui do Amapá a gente tem além dessas ações do patrimônio várias outras que vão ao encontro de novas unidades básicas de saúde, novas unidades do instituto federal de educação profissional e tecnológica, entre ações também ligadas à infraestrutura urbana, ferroviária e rodoviária. No caso da estação [base aérea] merece um projeto específico porque a ideia, como estamos falando de um museu a céu aberto, é que haja sinalização, que a gente possa ter ali também um resgate de alguns equipamentos e transformar num grande ponto de memória, não só da Segunda Guerra Mundial, como também um centro multiuso, um espaço também, para diversas atividades, como o próprio uso operacional, o tráfego aéreo. (A íntegra em YouTube.com/CleberBarbosa)

 

Perfil

Leandro Antonio Grass Peixoto – Professor e político, é o atual presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Filiado ao Partido Verde (PV), foi deputado distrital 2019-2022 e candidato a governador do DF pela Federação Brasil da Esperança nas eleições de 2022.

 

Breve biografia

– Grass concluiu bacharelado em sociologia e licenciatura em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB).
– Mais tarde, obteve mestrado em Desenvolvimento Sustentável pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB.
– Da Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI), possui formação em gestão cultural.

 

Desafio para ser governador

– Grass foi o candidato da Federação Brasil da Esperança, formada pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Comunista do Brasil (PCdoB), além do PV. Recebeu 434.587 votos, o que representa 26,25% dos votos válidos. Terminou em segundo lugar, sendo derrotado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), que recebeu 50,30% dos votos válidos.

 

 


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