Entrevista

No mercado de trabalho é saber se vender como profissional

Ele é um atuante consultor organizacional, um especialista em gestão de pessoas. O professor universitário André Gomes esteve no rádio, concedendo entrevista ao programa Conexão Brasília, pela Diário FM, ocasião em que deu muitas dicas importantes sobre estratégias para ingressar – ou retornar ao mercado de trabalho. Vocacionado para trabalhar com jovens, falou sobre curiosidades e dos principais erros que são cometidos por quem se habilita ao primeiro emprego. Ele também fala coisas importantes sobre problemas relacionados ao mundo virtual, especialmente as redes sociais, pois até isso as corporações levam em consideração antes de contratar um profissional. Os principais trechos desta conversa com o jornalista Cleber Barbosa o Diário do Amapá publica a seguir.


Diário do Amapá – Na busca do primeiro emprego o jovem se vê diante de um paradoxo também, afinal de contas ele não tem experiência e normalmente as corporações pedem alguém que tenha um mínimo de experiência. Como lidar com esse fato? É melhor admitir que você é inexperiente, mas disposto a aprender, a obter novos conhecimentos, novas técnicas ou, enfim, falar das suas virtudes, das suas aptidões?
André Gomes – Achei fantástica a sua pergunta da experiência, porque tudo começa por aí. As pessoas estão se preparando para esse mercado de trabalho e aí elas chegam para pedir um emprego, e a primeira coisa que a empresa pergunta é “qual é a sua experiência?”, ou “que você sabe fazer?”. Então tem uma dica básica para isso. Você não pode ficar parado, então mesmo que você não esteja inserido nesse mercado, se você está buscando um emprego é porque está desempregado, mas você não pode estar parado, então vale a experiência que você tem de alguma atividade de trabalho.

Diário – Ou de estudos?
André – Ou de estudos, mas seria melhor ainda se fosse de estudo aliado ao trabalho, como, por exemplo: Eu sou um estudante, sei lá, de alguma área, da saúde, por exemplo. Então eu estou estudando nutrição, farmácia, mas eu ainda não arrumei o meu emprego nessa área fim, mas eu posso ser voluntário, não é? Posso fazer um trabalho de voluntariado, eu posso estar ligado a alguma ONG, eu posso estar realizando alguma coisa que eu não esteja parado.

Diário – Praticando não é, a ideia é essa?
André – Praticando, perfeita a sua palavra. Isso para a empresa já representa uma experiência, não é uma experiência de envolvimento profissional, é, digamos assim, já de desempenho, mas de qualquer forma é uma experiência.

Diário – Você falou de uma ONG, e a pessoa pode não conhecer, não tem informações sobre alguma ONG no seu bairro, na sua comunidade, ela pode se integrar em ações, como, por exemplo, na escola, atividades como mutirões sociais, essas coisas?
André – Perfeito, perfeito, então ele pode se inserir, ele pode se oferecer, se ofertar. A primeira coisa do mercado de trabalho é saber se vender. Como é que eu vou vender alguma coisa, vender produto ou serviço da empresa, vender aquele trabalho que eu estou me propondo a fazer se primeiro eu não sei me vender. Então a primeira coisa é se lançar no mercado e dizer: Olha eu sei fazer tal coisa, não tem nada aí que eu possa ajudar vocês a fazerem? Tem as associações de bairros, as cooperativas, associações de modo geral, as ONGs, como eu citei. Tem trabalho voluntário dento das próprias escolas. Dentro dos núcleos organizacionais, da empresa júnior da faculdade, grupos operativos, o próprio rádio.

Diário – Passada essa primeira etapa dele já ter algum know-how, chegar com alguma bagagem, vem a questão da entrevista de emprego, e aí nesse ambiente, na frente do entrevistador, do consultor, enfim. Começar pelo vestuário, o quê que é recomendado para que você possa se apresentar pra uma entrevista de emprego?
André – O fundamental nesse momento é você estar vestido com a cara da empresa, então, por exemplo, uma dica muito bacana é, eu tenho que saber que empresa é essa, o que ela faz. Vou dar uma referência muito engraçada. Uma vez um ex-aluno meu, de administração, disse que ia buscar uma determinada empresa e aí ele falou assim: professor, eu achava que não era assim, eu fui meio despojado, de sandália e bermuda e aí a empresa não era nada daquilo. Então você tem que se parecer com a empresa, então não é uma regra, mas uma dica: se a empresa é despojada, você segue essa tendência. Se eu vou pedir emprego como vendedor de uma loja de roupas de surf, onde todo mundo é despojado, até os próprios vendedores se vestem de bermuda e camiseta, o próprio proprietário, o gerente, eu não posso ir formal.

Diário – Não dá para ir de terno e gravata.
André – Não dá pra ir de camisa dobrada, de terno e gravata, não dá, porque aí eu não pareço com a empresa, não é? E o inverso também, não dá pra eu pedir emprego em uma empresa formal, de bermuda e sandália… [Risos]

Diário – Cerimonial!
André – Cerimonial, sim, imagina se você vai pedir emprego em uma empresa onde tem um teor de formalidade, e chegue lá de chinelo e bermuda…

Diário – Uma casa legislativa, por exemplo, professor?
André – Casas legislativas, empresas. A gente está falando de empresas e órgãos públicos, mas também tem empresas privadas, diretores executivos. Empresas que trabalham com o setor comercial precisam de representantes comerciais com uma imagem mais formal, uma imagem que passe credibilidade. Então a dica é se parecer com a empresa, primeiro eu tenho que conhecer a empresa, como é que ela é, como é que ela funciona, como é que ela se projeta no mercado. Se ela é formal eu vou vestido formal, se ela é despojada, eu vou vestido despojado.

Diário – Antes da entrevista tem também o currículo da pessoa. A parte do currículo pode despertar o interesse daquela corporação em ter aquele postulante ao emprego. Sobre o currículo, normalmente tem uma frase no fim que diz que a pessoa se responsabiliza pelas informações contidas naquele documento, não é?
André – Tem uma consultora organizacional, a Bruna Katunaga, que defende que o currículo é uma peça publicitária, então o currículo é um cartão de visita, é a primeira oportunidade que você tem de despertar algum interesse do entrevistador da empresa no candidato. Então o currículo tem que ser uma coisa muito cuidada, não pode ser feito de qualquer jeito, erros de português, a gente teve algumas reformas gramaticais ortográficas que devem ser observadas.

Diário – É bom estar antenado para isso também, não é?
André – Tem que ficar de olho, quais são os acentos, não ficar confiando só no computador, aquele negócio que corrige lá o texto.

Diário – Depende da versão do programa também, ainda tem isso, não é?.
André – Dependendo da configuração antiga, não está atualizado, vale pedir uma ajuda, uma dica, uma ajudinha sim, para uma amiga que é professora de português, para ver se está tudo correto, se não está faltando algum acento, porque o currículo é o seu cartão de visita. Outra coisa: a gente está na era digital, os currículos estão todos onlines, tudo mais, e muito cuidado, a gente falou ainda pouco sobre aparência, muito cuidado sobre a fotografia que você vai colocar no seu curriculum.

Diário – Tem isso também?
André – Sim, eu já vi, eu já recebi, eu já fui fazer algumas seleções para algumas empresas que me chamaram, em que a foto do currículo tinha uma pessoa de abadá, então assim, não era a proposta daquela empresa, a minha empresa tinha um teor de formalidade, precisava de imagem de credibilidade, aquilo ali já deixou dúvida, mas quem é esse candidato? Então vamos ter muito cuidado com essa história da foto.

Diário – Parece perfil das redes sociais.
André – Essa é outra coisa que a gente tem que observar, sobre as informações do Facebook. Outro dia a gente viu uma matéria fantástica sobre um vidente que foi pra rua e ele sabia tudo da vida das pessoas, a única coisa que ele precisava era do nome completo, tinha toda uma estrutura por trás e o pessoal pescava tudo no facebook. Então a sua vida pessoal tem muito haver sim com sua vida profissional.


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