Entrevista

“Peço aos amigos que tomem cuidado com a Covid”

Promotor aposentado


Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Amapá e hoje aposentado, Paulo Veiga está de volta à sala de aula, depois de superar o Covid-19 em casa e sob os cuidados da família. Se diz grato a Deus e amigos.

 

 

Diário do Amapá – Promotor, duas novas fases em sua vida, a aposentadoria e ter vencido a Covid-19. Como foram essas experiências para o senhor?
Paulo Veiga – Olha, eu fico muito emocionado quando falo dessa história, pois quando eu me aposentei aí do Ministério Público do Amapá não era minha pretensão inclusive retornar para Minas Gerais. Inicialmente fui para o Espírito Santo, onde eu tinha feito o meu Mestrado e iniciei meu Doutorado, mas não concluí, logo que fui aprovado em um exame para professor da Universidade de Vila Velha, onde passei a dar aula até 2015. Depois, fui aprovado para professor da Polícia Militar de Minas Gerais, onde lecionava até contrair essa doença.

 

Diário – E como foi exatamente que o senhor pegou?
Paulo – Foi no começo do mês, quando comecei a me sentir mal com o que achava ser uma renite alérgica, comum quando chega a época do frio por aqui. Depois veio a febre e no dia 5 fui até uma drogaria em Ubá (MG) onde fiz um teste e constatei que estava com o novo Coronavírus. Na mesma hora tive uma sensação muito ruim, minha pressão caiu muito, suava frio e a própria farmacêutica teve que me segurar e confesso que na mesma hora comecei a pensar em todos os meus amigos que havia perdido no Amapá… [se emociona] Amigos queridos, como Guilherme Jarbas, o doutor Papaléo, o Ronaldo, nosso motorista do MP-AP, enfim, foram 16 amigos na minha lista que acabei perdendo aí no Amapá… [pausa emocionada]

 

Diário – Uma tragédia humana essa doença mesmo, né?
Paulo – Muito difícil, mas eu graças a Deus consegui superar. Procurei minha médica, que aliás é uma prima, e passei a tomar os remédios tradicionais como Ivermectina e Azitromicina,além de anticoagulantes, mas ela não pode prescrever a Cloroquina devido a questão do protocolo, então comecei a fazer ali mesmo meu tratamento, mas passei maus bocados, mas não cheguei a ficar internado pois moro em um condomínio bem afastado da cidade, muita arejado e ventilado, em Divinésia (MG).

 

Diário – E quando superou fez um vídeo emocionante que deu muito o que falar por aqui, não é?
Paulo – Sim, pois senti todos aqueles sintomas, falta de ar, muita febre e diarreia, então a decisão de postar o vídeo foi para alertar mesmo sobre os cuidados que todos devem ter com essa doença, que é muito complicada e perigosa.

 

Diário – E o que fica dessa terrível experiência para o senhor, doutor Paulo?
Paulo – Olha, o apoio da família, dos amigos, isso foi fantástico, então espero que as pessoas do meu querido estado do Amapá que tanto sofreu com o período de pico da pandemia que tomem cuidado realmente, entendeu? Porque não é fácil!

 

Diário – O senhor tem muitos amigos aqui e todos ficaram muito tocados e sensibilizados com essa experiência pela qual o senhor passou. E venceu…
Paulo – Foi, muito emocionante, quero voltar logo ao Amapá para agradecer a todos por aí.

 

Diário – Aliás, quando o senhor foi diretor-geral do MP-AP, na gestão do procurador Jair Quintas, Minas Gerais foi importante para tirar um encaminhamento para o problema com a ferrovia amapaense, verdade?
Paulo – Verdade, tínhamos visitado a Estrada de Ferro Oeste de Minas, onde existe um museu ferroviário que inspirou a criação de um grupo de trabalho que ajudou a conduzir o processo de reversão da concessão ferroviária da Estrada de Ferro do Amapá, que foi totalmente recuperada e devolvida às operações.

 

Diário – Aliás, pena que logo depois, quando tudo estava funcionando o Eike Batista colocou tudo na prateleira e vendeu para a Anglo American e deu no que deu anos depois…
Paulo – Exatamente, mas o Ministério Público foi muito atuante e agiu corretamente para evitar o sucateamento da ferrovia dos amapaenses àquela altura.

 

Diário – Obrigado pela entrevista, saúde para o senhor e até uma outra oportunidade.
Paulo – Eu que agradeço, tenho um grande carinho pelo Amapá e quero registrar que agora também aceitei ser pré-candidato a vice-prefeito aqui de Dininésia, a convite do amigo Julinho, empreendedor local e também a pressão de muitos aqui.

 

 

PERFIL

Paulo da Veiga Moreira é promotor de justiça do MP-AP aposentado e professor credenciado por exame de seleção da Policia Militar de Minas Gerais.

 

Formação Acadêmica
– MESTRE em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitoria – FDV (2009).
PROFESSOR de Direito Internacional Privado e Direito Penal da Universidade de Vila Velha- UVV de fevereiro de 2013 a dezembro de 2015. PROFESSOR de Direito Penal e História do Direito da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Cultura da Universidade Federal do Amapá – UNIFAP de outubro de 1998 a setembro de 2010. PROFESSOR convidado da disciplina Direitos Humanos no Curso de Formação de Magistrados da Escola Judicial do Amapá – EJAP em 2010.

Experiência Profissional
– Tem experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Constitucional, Administrativo, Penal, Processo Penal, Internacional Público e Privado e Filosofia do Direito, atuando principalmente no seguinte tema: libertação, direitos humanos fundamentais, justiça. Co-autor do Livro “Justiça e Libertação – a dialética dos direitos fundamentais” – 2009. Aposentou-se como Membro do Ministério Público do Estado do Amapá em 1º de março de 2012.

Obras literárias
– Coautor do livro “Direitos Humanos na América Latina” – 2015.


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