Esportes

Medalhas na natação, respeito às tradições e fé na Santíssima Trindade e no candomblé

Descendente da pioneira Gertrudes Saturnino, Kalliny surpreende tanto nas piscinas quanto nas rodas de marabaixo, usando o uniforme de natação ou as saias floridas.


A natação não fez parte da formação infantil de Kalliny Maize Costa, mas bastou um suporte técnico para que uma nova atleta surgisse no cenário amapaense. Dois anos atrás o técnico Nadilson Costa olhou com atenção seu desempenho, e hoje, aos 16 anos, a atleta integra a Associação Pororoca Master de Natação do Amapá, equipe que defendeu e pela qual conquistou em setembro três medalhas de prata e duas de bronze no Troféu Walter Figueiredo- Norte e Nordeste, no estado do Maranhão.

Descendente da pioneira Gertrudes Saturnino, Kalliny surpreende tanto nas piscinas quanto nas rodas de marabaixo, usando o uniforme de natação ou as saias floridas.

Aluna do 2° ano do curso Técnico em Química no IFAP, após ser admitida como atleta da instituição, Kalliny Costa participou dos Jogos Internos dos Institutos Federais do Brasil, onde conquistou na modalidade peito uma medalha de prata e uma de bronze. A pandemia a obrigou a dar um tempo nos treinos, mas logo que foi permitido, voltou para as piscinas determinada a recuperar o tempo em que ficou parada e se destacar nas competições.

O resultado no Troféu Walter Figueiredo dessa atleta da categoria Júnior 1 foram 3 pratas nos 50m, 100m e 200m na modalidade peito; 1 bronze nos 100m de nado livre; e mais um bronze nos 100m no nado borboleta. Um feito e tanto para esta jovem que planeja o mesmo empenho na natação para realizar o sonho de cursar medicina, mas que mesmo com as ocupações com estudo e treinos, não esquece suas raízes tradicionais e honra o nome de sua bisavó Natalina e avó, Marilda Costa, falecida neste ano, em Macapá.

Nascida na original Favela, atualmente bairro Santa Rita, Kalliny cresceu no meio dos costumes culturais da família, dos rituais de fortalecimento da fé em homenagem a Santíssima Trindade, à tradição do Almoço dos Inocentes, fruto da promessa para que seu tio-avô Manoel fosse gerado.

Ela herdou a persistência da bisavó para gerar o herdeiro, e luta para manter as tradições e preservar a herança deixada por seus antepassados. Mesmo dedicada aos compromissos terrenos, Kalliny também leva a sério seu compromisso com o candomblé, onde é confirmada como Ékedi.

A atleta é só gratidão pelas conquistas, e garante que a palavra desistência não fará parte de sua história de vida. “Vou continuar meus estudos e treinos, a professar minha fé, levantar os mastros da Santíssima Trindade e a cantar os ladrões de marabaixo”, afirma a jovem.

* Contribuição de Mariléia Maciel


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