Nota 10

De quem é essa carapuça?

Pois bem, as produções estão aos milhares acontecendo a cada dia, e a cada dia sem o tão aguardado investimento, apoio, patrocínio, etc., para que sejam escoadas pelos quatro cantos do país.


HERALDO ALMEIDA
Editoria de Cultura

A pergunta está feita. O poder público quer vestir carapuça nos artistas, e esses querem que o governo a use. Mas, afinal, de quem é a culpa? Existe condenação pela falta de apoio às instituições que trabalham com cultura artística neste país. A culpa é de quem produz ou de quem conduz?

Pois bem, as produções estão aos milhares acontecendo a cada dia, e a cada dia sem o tão aguardado investimento, apoio, patrocínio, etc., para que sejam escoadas pelos quatro cantos do país.
Sabemos que Lei para garantir o investimento, existe; arte para merecer a garantia da Lei, também existe. Mas se isso não acontece, então qual o motivo de tanta reclamação e de tanta embromação burocrática para investir nos projetos dos artistas?

Ouço todos os dias santos e santos dias, os artistas cobrarem, reclamarem, reivindicarem e até xingarem de diversas formas o poder público, afirmando que essa carapuça é dele. Aí, também ouço e vejo os governos mirarem nos artistas e atirar bem no meio da consciência cultural, afirmando que falta alguma coisa, tipo elaboração de projetos, encaminhamento de propostas, cumprimentos de datas, inscrições em regras de editais e etc.. Uma cratera de exigências que percebemos que só faz complicar e impedir que o tal investimento, com liberação do recursos, aconteça para que esse fomento seja executado.

De fato, tem algo impedindo o trabalho do artista brasileiro. Muitos estão pensando até em vender a alma artística para os políticos, já que esses são os “verdadeiros” representantes do povo brasileiro, eleitos “democraticamente” pelo voto popular. Mas já que foram citados, então sejamos claros com eles, fazendo as seguintes indagações:

Senhores parlamentares do país da Ordem e Progresso, nós artistas ainda não conseguimos entender e muito menos aceitar que os tais investimentos públicos cheguem a somente uma meia dúzia de artistas por vocês escolhidos. E qual o motivo de quererem agregar ou extinguir as pastas culturais, alegando motivos que entre nós artistas não existiu consulta e muito menos confiança.
É, senhores representantes de nossa Pátria amada, acho que a carapuça encontrou o seu verdadeiro dono, mas esse, assim como tantos, não a querem usar. Enquanto isso os senhores continuam do lado de lá do país e, nós, do lado de cá, sentados no banco da praça dando milho aos pombos. E assim caminha e vive a humanidade artística brasileira, com a carapuça na mão.


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