Polícia

Assassinato do sargento Hudson completa 1 ano; família de assassino tenta impedir extradição

Gabriel ‘Burrinha’, acusado de ter assassinado o sargento Hudson Conrado, está preso na França. A família tenta impedir que ele seja extraditado para julgamento no Amapá.


Procurado pela Interpol, Gabriel Bonfim foi preso na França

O assassinato do sargento da Polícia Militar do Amapá, Hudson Conrado, de 46 anos de idade, completa 1 ano nesta quinta-feira (18), sem que o principal acusado do crime, José Gabriel de Souza Bonfim, de 21 anos, o ‘Burrinha’, seja levado à julgamento pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) já que a pistola calibre 380 do sargento – que foi baleado dentro do próprio carro, foi levada por Burrinha e um comparsa dele, Wendell Clei Ramos Ferreira, o ‘Chunga’, que foi morto em novembro no Tocantins, para onde ele havia fugido.

Wendell ‘Chunga’ foi morto em confronto com a polícia do Tocantins

 

Gabriel acabou fugindo para Paris, na França, onde foi preso no dia 29 de janeiro passado numa barreira policial na capital francesa. Os oficiais o identificaram após consulta na lista de foragidos da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Ele estava na lista vermelha da organização.

 

Contudo, a família de Gabriel tenta impedir a extradição para o Amapá. Um advogado francês foi contratado para tentar procrastinar a extradição o máximo possível. Antes, porém, os familiares já haviam contratado um advogado que atuava no Amapá, mas que teria feito com que o juiz anulasse todo o processo ao ingressar com a apresentação da defesa antes do prazo. Com isso, o magistrado declarou que iria aguardar o envio da carta rogatória que confirma a citação de Gabriel, para somente então dar andamento no processo.

 

O caso
No dia 18 de setembro deste ano, a 1ª Vara Criminal de Macapá havia marcado a audiência de instrução e julgamento de José Gabriel Burrinha. Ele foi denunciado pelo Ministério Público do Amapá no dia 20 de março pelo assassinato do sargento da Polícia Militar Hudson Conrado, morto aos 46 anos de idade na noite de 18 de outubro de 2017, na Avenida Feliciano Coelho, bairro do Trem, em frente ao Museu Sacaca, zona sul de Macapá.

O crime ocorreu por volta de 20h, enquanto o sargento – que estava dentro do carro – aguardava pela esposa que participava de um evento no Museu. Hudson foi morto com vários tiros e teve a arma (uma pistola Taurus calibre 380) levada pelos criminosos.

Sargento Hudson foi assassinado aos 46 anos de idade

 

Fuga interestadual
Além de Gabriel Bonfim, o delegado Celso Pacheco, da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (Deccp) que presidiu o inquérito, indiciou pelo crime de latrocínio (roubo seguido de morte) Wendell Clei Ramos Ferreira, o ‘Chunga’, que era foragido do Iapen e acabou morto na noite de 21 de novembro daquele mesmo ano durante um confronto armado com policiais do Força Tática da PM de Araguantins, no Estado do Tocantins (TO) onde ele havia se homiziado.

 

Fuga internacional
Gabriel acabou fugindo para Paris, na França, onde foi preso no dia 29 de janeiro passado numa barreira policial na capital francesa. Os oficiais o identificaram após consulta na lista de foragidos da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). Ele estava na lista vermelha da organização.

 

Pedido de revogação de prisão negado
A defesa de Gabriel ingressou com um pedido de revogação de prisão do denunciado no Fórum da Comarca de Macapá, mas o juiz de Direito Adão Joel Gomes de Carvalho, no dia 8 de agosto passado, negou o pedido mantendo a prisão preventiva. O magistrado, na inicial de sua decisão, observando os fundamentos apresentados pelo advogado de defesa Astor Nunes Barros, adiantou: “NÃO me convenceram a atendê-lo”, argumentando que o principal fundamento da prisão de Gabriel Bonfim é a conveniência da instrução processual e a garantia da futura aplicação da lei penal, além, claro, da manutenção da ordem pública.

Delegado Celso Pacheco (Deccp) presidiu inquérito

 

Apuração
O Diário teve acesso ao Inquérito Policial nº 095/2017 instaurado na Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (Deccp) presidido pelo delegado Celso Pacheco, e que está anexado ao processo que tramita na justiça. Também foi possível acessar cópia do relatório emitido pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (NIMP) que atuou nas investigações de forma conjunta.

 

Passos do crime
Na noite de 18 de outubro de 2017, por volta de 20h, o sargento Hudson Conrado, com 46 anos de idade, esperava a esposa dentro do automóvel, estacionado na Avenida Feliciano Coelho, bairro do Trem, em frente ao Museu Sacaca, onde ela participava de um evento.

Sargento foi alvejado dentro do próprio carro

 

Gabriel e Wendell Clei se aproximaram do automóvel armados com um revólver calibre 38 e uma pistola, segundo a polícia. O policial, distraído, ainda tentou sacar a arma ao perceber a abordagem, mas acabou alvejado oito vezes. Imagens de câmeras de segurança recolhidas pela polícia na área do crime mostram tanto o momento em que os suspeitos seguem andando para o local do roubou seguido de morte, quanto na fuga. Após roubar a arma do sargento, os criminosos fugiram correndo.

 

Avião
Segundo a investigação, Gabriel comprou passagem em uma companhia aérea cerca de três horas e meia após o crime, quando ele embarcou para Belém (PA). Ele não tinha nenhuma reserva, segundo foi apurado. O delegado Celso Pacheco já sabia que a mãe de Gabriel morava na França, e, por isso, acionou a Polícia Federal (PF) solicitando levantamento sobre a movimentação migratória do investigado.

 

O relatório divulgado pela PF mostra que Gabriel Bonfim deixou Belém (PA) com destino a Lisboa, capital de Portugal. O Airbus A330 [voo TP46] decolou do Aeroporto Internacional de Val De Cans às 18h35 do dia 21 de outubro de 2017, pousando as 6h05 do dia 22 de outubro em Lisboa. De lá ele teria seguido para Paris, França.

 

Prisão
No dia 29 de janeiro deste ano, Gabriel foi abordado numa barreira policial na capital francesa. Os oficiais o identificaram após consulta na lista de foragidos da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol). O delegado Celso Pacheco já havia realizado o pedido de extradição, via Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça (DRCI/MJ).

 

Reportagem: Elden Carlos
Fotos: Arquivo Diário


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