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Polícia Federal faz operação em três municípios do Pará

Os suspeitos faziam parte de um consórcio criminoso formado por empresários e servidores públicos montado para a prática de fraudes em licitações públicas de gases nas cidades de Marabá e Parauapebas. As investigações apontam que, em três anos, os investigados faturaram mais de 30 milhões de reais por meio de fraudes em licitações.


A Polícia Federal cumpriu nesta terça-feira (14/6), 51 medidas judiciais restritivas de direito, sendo cinco prisões preventivas, três prisões temporárias, nove conduções coercitivas – quando a pessoa é obrigada a comparecer para prestar informações – e 35 mandados de busca e apreensão em empresas, cartórios, órgãos públicos e secretarias vinculadas às prefeituras de Marabá, Parauapebas e Xinguara, todas no estado do Pará. Ao todo, 150 policiais federais, divididos em 37 equipes, cumpriram as determinações judiciais, nas cidades de Belém, Marabá, Parauapebas e Xinguara.

Os suspeitos faziam parte de um consórcio criminoso formado por empresários e servidores públicos montado para a prática de fraudes em licitações públicas de gases nas cidades de Marabá e Parauapebas. As investigações apontam que, em três anos, os investigados faturaram mais de 30 milhões de reais por meio de fraudes em licitações.

Dentre os bens apreendidos e perdidos pelos criminosos há carros de luxo, aeronaves (aviões e helicópteros), uma lancha avaliada em mais de R$ 700 mil, além de uma fazenda com pista de pouso para jatos executivos.

O patrimônio foi adquirido a partir do desvio de recursos públicos do Sistema Único de Saúde (SUS). Os policiais federais descobriram que os suspeitos fraudavam o caráter competitivo dos certames licitatórios, direcionando as exigências do edital de maneira a favorecer apenas uma das empresas participantes do esquema criminoso.

Após a vitória de uma delas, as “perdedoras” eram subcontratadas pela empresa vencedora de maneira que todas, ao final do processo, saíam com um pedaço da fatia do “bolo”, prática essa que encarecia os contratos investigados em mais de 30%. Ao todo, foram analisados cinco procedimentos licitatórios, sendo dois na cidade de Parauapebas e três na cidade de Marabá, entre os anos de 2013 e 2015.

Os suspeitos também criaram empresas de fachada, algumas registradas em nome de “laranjas”, a fim de dificultar o rastreamento dos reais proprietários. A quantidade de recursos públicos desviados foi tanta que, em um parecer do Conselho Municipal de Saúde da cidade de Parauapebas, esse chegou a afirmar que a quantidade de gases contratada para seis meses daria para abastecer, por um ano, a cidade de Goiânia/GO.

Para o “sucesso” das fraudes, os suspeitos praticaram toda ordem de crimes, desde corrupção de servidores públicos, passando pela falsificação de documentos, fraude na vazão dos gases medicinais destinados aos pacientes dos hospitais investigados, o que pode ter colocado em risco de morte muitos usuários do Sistema Único de Saúde. Houve até ameaças de homicídios entre os envolvidos.

Nas investigações, o que chamou a atenção dos policiais federais foi o grau de influência do grupo criminoso junto a órgãos e a servidores públicos federais, estaduais e municipais. Os líderes do tal consórcio criminoso e os integrantes da associação criminosa faziam gestões junto a servidores públicos de entidades como: prefeitura, Ministério Público Estadual, Conselho Regional de Farmácia, Secretaria de Fazenda do Estado do Pará e Cartórios de Registros Públicos, para que tivessem sucesso em suas práticas criminosas.

A PF investiga os crimes de estelionato, associação criminosa, corrupção ativa e passiva, agiotagem – funcionamento irregular de instituição financeira -, falsificação de documentos

públicos, falsidade ideológica, fraudes em procedimentos licitatórios, dentre outros. Se condenados, os suspeitos podem pegar penas que ultrapassam vinte anos de prisão.


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