Política

Após destruir estradas, pontes e dar calote milionário, mineradora pode deixar o Amapá

Liderada pelo empresário Li Ping, de Hong Kong, a Cibra Mineração ganhou chance de embarcar manganês estocado pela Icomi em Serra do Navio


 

Cleber Barbosa
Da Redação

 

Um empresário de retrospecto conturbado, de nacionalidade de Hong Kong, é o mais novo personagem vilanizado pelo mercado da mineração no Amapá. Ele chegou a convencer autoridades da Justiça, posar ao lado de políticos e prometer destravar o setor mineral, se tivesse oportunidade de operar no estado.

 

A chance veio, embarcou 11 navios de minério, deixou de pagar os últimos três, e ainda mandou dois para pegar mais manganês, mas a Justiça agora barrou.

 

 

Antes de operar no Amapá, o empresário Li Ping chegou a ser preso pela Polícia Federal quando desembarcava no aeroporto de Confins, em Minas Gerais, em 2018, conforme publicação da imprensa especializada, como o site Notícias de Mineração Brasil (NMB).

 

“Ele se instalou no estado depois disso e chegou a se reunir com autoridades políticas, quando fez promessas de investimentos no setor mineral. O empresário responde na Justiça em 27 processos por uma série de atividades econômicas irregulares em Estados como Rio Grande do Norte, Sergipe e Ceará”, narrava publicação datada do dia 8 de agosto de 2018, do NMB.

 

 

Carta branca

Li Ping escalou seus executivos para fazer diversas incursões no Amapá, onde chegou a instalar escritório, residências funcionais luxuosas, até se habilitar num processo judicial que definiria os rumos das cerca de 5 milhões de tonelada de manganês remanescentes da lavra da Icomi S.A., mesmo depois da situação de inssolvência dela.

 

A empresa de Ping, a Cibra, chegou a deixar para trás inclusive outras mineradoras que travam há mais de uma década o direito de suceder a Icomi no Amapá, como a Tocantins, a Ecometals, a Durbuy e a Brica. Ele convenceu a poderosa Cosco, do governo da China, a bancar as operações no Amapá.

 

Os advogados e os prepostos de Li Ping conseguiram convencer que o minério estocado tinha atração no mercado internacional e teve aval para embarcar 50% das pilhas do inventário da Icomi, como parte de um acordo para que seus sucessores voltassem a operar na Serra do Navio.

 

 

Novo calote

Assim como aconteceu com a Anglo American e Zamin Ferrous, a empresa de Li Ping causou enormes prejuízos no Amapá, como a destruição das estradas, das pontes de madeira e, principalmente, num calote estimado em R$ 12 milhões junto a fornecedores, trasportadores e até no fundo criado pela Justiça para beneficiar o município de Serra do Navio.

 

Procurado pela reportagem, nem Li Ping, nem seu advogado ou seu executivo no Amapá atenderam aos telefonemas. Por mensagem, foi ofertado à empresa o direito de emitir um posicionamento, seja por mensagem ou por nota oficial.

 

Especialistas consultados pela reportagem informam que enquanto o impasse se resolve por meio da Justiça, a outorga ou transferência das operações poderia ser a única forma de amenizar os prejuízos e levar um alento para a já combalida economia da região de Serra do Navio.

 


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