Política

Nova rota marítima deve fortalecer comércio entre Amapá, Platô das Guianas e Caribe

Possibilidade de trajeto mais curto e com menores custos foi apontada em estudo do Grand Port Maritime de Guyane, com apoio do Governo Amapá.


Andreza Teixeira

 

Atualmente, produtos brasileiros enfrentam uma rota marítima que leva aproximadamente 40 dias para chegar à Guiana Francesa, departamento ultramarino da França que faz fronteira com o Amapá. Para diminuir esse trajeto e, consequentemente, os custos envolvidos no processo, o Grand Port Maritime de Guyane, companhia da Guiana Francesa, desenvolveu durante dois anos uma pesquisa para avaliar os potenciais da cabotagem. O Governo do Amapá apoiou a pesquisa através de convênio de cooperação com a companhia.

 

Os resultados do Estudo da Cabotagem Interrregional do Planalto das Guianas ao Caribe foram apresentados nessa segunda-feira, 9, no Palácio do Setentrião, em Macapá. Eles apontam que é possível estabelecer uma nova rota de 17 dias através de portos do Brasil (Amapá e Pará) e de países do Platô das Guianas, região que inclui a Guiana Francesa, Guiana e Suriname, além de Martinica e Guadalupe, departamentos ultramarinos franceses localizados no Caribe. A medida criaria um novo mercado intensificando a economia da região que possui mais de dez milhões de habitantes.

O consultor do projeto, Valére Escudié, ressaltou no encontro que a região é favorável ao uso do transporte fluvial, por ter grande número de vias navegáveis. Ainda assim, explicou Escudié, devido a determinações da União Europeia, produtos brasileiros com destino a Guiana Francesa precisam atravessar o oceano Atlântico para passar por inspeção sanitária na Espanha ou na França em uma rota que dura cerca de 40 dias.

 

Os resultados do estudo, explicou Escudié, apontam a possibilidade de uma nova rota marítima com duração 17 dias, envolvendo o Porto da Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, e o Porto de Santana, no Amapá, e portos do Platô das Guianas, Martinica e Guadalupe. Com a mudança no trajeto, os custos diminuiriam, tornando o serviço mais atrativo às empresas de transporte fluvial. A modificação seria possível com a instalação de um porto sanitário no Grand Port Maritime de Guyane, medida que atenderia as exigências da União Europeia e torna desnecessário o deslocamento até à Europa, permitindo importação e exportação de produtos da agricultura, pecuária, indústria têxtil e material de construção, entre outros.

 

Para o diretor de desenvolvimento do Grand Port Maritime de Guyane, Remy Budoc, o projeto de cooperação entre os países vem se desenvolvendo rapidamente. “Com o estudo finalizado, esperamos, em breve, colocar em funcionamento o serviço de cabotagem entre os países. A Guiana Francesa e o Brasil, sob o ponto de vista comercial, devem caminhar juntos, pois temos uma fronteira”, enfatizou.


A diretora presidente da Agência Amapá, Tânia Miranda, frisou que o Governo do Estado apoiou o estudo realizado pelo Grand Port Maritime de Guyane, através da disponibilização de informações. Com a pesquisa finalizada, o resultado será analisado para dar continuidade à iniciativa. “Como próximo passo, o Governo deve assinar um segundo termo para que possamos fazer o chamamento das empresas que tenham interesse em utilizar esta nova rota marítima”, avaliou a diretora.

 

O vice governador Papaléo Paes salientou que o Governo do Amapá vê a possibilidade como uma forma de potencializar a economia amapaense. “Nosso Estado possui uma posição geográfica privilegiada, por ser próximo ao Caribe e possuir fronteira com a União Europeia, através da Guiana Francesa. A possibilidade de uma nova rota marítima mais curta e com custos mais atrativos surge para aproveitar este potencial que deve ser utilizado de forma a garantir maior desenvolvimento ao Amapá”, registrou.

 

Fotos: Márcio Pinheiro/Secom


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