Política

“Porto de Santana não está preparado para o agronegócio”, afir

Economista garante que Porto é deficitário, maquinário é sucateado e possui arrecadação pífia


 

“O porto de Santana é deficitário, a arrecadação é pífia, a perspectiva de receita de R$ 15 milhões para este ano não vai chegar nem a R$ 10 milhões e o maquinário é deficiente e sucateado, não havendo nenhuma possibilidade nenhuma de alavancar o agronegócio no estado. Esse negócio de dizer que o porto e o agronegócio serão molas propulsoras do desenvolvimento do Amapá não passa de discurso”.

A declaração foi feita na manhã desta segunda-feira, 15, pelo economista e ex-secretário de planejamento do Amapá, Jurandil Juarez, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9). Segundo ele, se, de fato, houver grandes investimentos, a perspectiva pode até ser boa, mas em longo prazo. “Ou se faz muitos investimentos ou a economia do estado vai continuar na estaca zero se depender do porto, não vamos sair do lugar, porque não há a mínima possibilidade de melhorar o funcionamento com a situação atual. Um porque que não consegue faturar R$ 10 milhões, como pode oferecer toda essa perspectiva?, pontuou Jurandil.

O economista criticou o tom exagerado do anúncio das perspectivas do agronegócio através do Porto de Santana: “Fala-se muito que chegaremos ao Pacífico transportando grãos para o mercado internacional. Ora, se hoje não temos condições de chegar nem mesmo ao Atlântico, como chegaremos ao Pacífico em curto prazo? Isso pode até acontecer no futuro, não pra já, mas, assim mesmo, se houver grandes investimentos a passos largos. O que não se pode aceitar é a criação de perspectivas irreais”.

Sobre a capacidade do Amapá receber investimentos, Jurandil Juarez também é pessimista: “Quase todos os caminhos que poderiam levar o estado a um desenvolvimento saudável estão fechados, por conta do arrocho econômico determinado pelo governo federal, como a suspensão das obras do aeroporto, a falta de continuidade das obras da BR-156 e a própria situação do porto de Santana. Falar em privatização desses setores é perda de tempo, porque só se faz investimentos privados, hoje, com garantia de retorno em curto prazo, e isso não se vislumbra nessas obras”.

Para Jurandil Juarez, o fato de que o Amapá já se tornou autosuficiente em energia elétrica, por si só, não significa dizer que o estado está preparado para receber investimentos privados: “Ter energia excedente, autosuficiente, sem nenhuma dúvida é um grande atrativo, mas temos que ter um conjunto de atração, e isso, lamentavelmente, não temos. Tive oportunidade de conversar com investidores interessados em instalar aqui uma indústria na área de pesca, mas acabei tendo que concordar com ele: nós temos a matéria prima, isto é, o peixe, em abundância, energia elétrica de sobra, mas não temos a infra-estrutura necessária, não temos suporte pra dar a eles”.

Na opinião de Jurandil Juarez, uma das garantias dos investimentos é a segurança jurídica: “Esse pacote de concessões oferecido pelo governo federal já foi oferecido antes, mas ninguém demonstrou interesse, não apenas por causa da falta de previsão de retorno em curto prazo, mas, principalmente, por conta da insegurança jurídica, porque, no Brasil, se muda tudo com muita facilidade, hoje o que é prioridade deixa de ser em pouco tempo, como o projeto do trem bala, por exemplo, que foi projetado para funcionar já a partir da Copa do Mundo e hoje está parado. E isso não é somente governo federal, acontece aqui no Amapá, pois o governo que sucede o outro tem suas própria prioridade, por isso ninguém confia”.


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