Política

Recuperação judicial da Jari Celulose deve ser transformada em falência

O administrador judicial da empresa alega incapacidade de recuperação da fábrica, parada desde 2022


 

O administrador judicial da Recuperação Judicial da Jari Celulose pediu a sua transformação em falência. A informação é do jornalista paraense Mauro Bonna, que assina coluna no jornal Diário do Pará.

 

Segundo ele, o administrador judicial alegou incapacidade de recuperação da fábrica, parada há mais de 17 meses, e o atraso de mais de dez meses de salários, embora a empresa tenha angariado recursos financeiros vultuosos, através de financiamentos obtidos mediante garantia patrimonial.

 

Em uma primeira assembleia geral, no ano passado, nada foi deliberado pelos credores sobre a aprovação ou não do plano de recuperação proposto pela Jari, apenas adiada a decisão. O pedido de falência, protocolado em dezembro de 2023, está para decisão do juiz da Comarca de Monte Dourado.

 

Em novembro do ano passado, a fábrica da Jari Celulose, em Monte Dourado, sem atividade fabril havia mais de 15 meses, informou que não conseguira retomar a sua capacidade produtiva, sem dinheiro para óleo combustível e pagamento de salários atrasados. A Jari já alegava que estava em vias de fechar a venda de créditos tributários federais, verba suficiente para restabelecer a atividade produtiva e pagar salários. Está marcada uma assembleia geral de credores para o próximo mês de fevereiro vindouro, mas dificilmente a Jari conseguirá aprovar o seu plano de recuperação judicial, caminhando a passos largos para a falência.

 

 

Crise prolongada

Em julho de 2019, a Justiça do Pará aceitou o pedido de recuperação judicial das empresas do grupo Jari, que entre outras atividades produz celulose solúvel no Vale do Jari, região amazônica entre os estados do Pará e do Amapá, e é controlado pelo empresário Sérgio Amoroso. A dívida total sujeita ao processo era de R$ 1,75 bilhão. A intenção era apresentar o plano de recuperação dentro dos 60 dias previstos em lei.

 

No deferimento, que tem data de 16 de julho, a juíza Rafaella Moreira Lima Kurashima, da Comarca de Almeirim e do distrito de Monte Dourado, reconheceu o argumento do grupo de que uma série de eventos prejudicou a expansão dos negócios nos últimos anos, incluindo a “má escolha” de prestadores de serviços. A Jari Celulose teve problemas na conversão da fábrica de celulose de fibra curta para a celulose solúvel há alguns anos, o que levou à paralisação da operação por um longo período.

 

Em meados do ano passado, a situação financeira se agravou e a pressão dos credores acabou se refletindo na atividade de empresas do grupo. Diante disso, os bancos BTG Pactual e Bradesco foram mandatados pela Jari Celulose para encontrar um sócio para a empresa. Naquele momento, não estava definido um limite para a fatia que seria vendida ao futuro sócio.

 

 

Em abril deste ano, as contas da Jari acabaram bloqueadas pelo Banco do Brasil, levando-a a paralisar parte de sua produção. As empresas do grupo que entraram em recuperação judicial empregam cerca de 700 trabalhadores direto e dois mil indiretos.

 

Com o objetivo de se concentrar no negócio de celulose, a Jari iniciou em 2012 a venda de seu negócio de embalagens de papelão ondulado no país para a americana International Paper (IP), que agora busca uma opção estratégica para esses ativos e vai deixar esse segmento no mercado brasileiro. Em duas etapas de compra, entre 2012 e 2014, a IP desembolsou R$ 1,27 bilhão.

 

Naquele momento, a Jari já estava investindo na conversão da fábrica no Norte do país para a produção de celulose solúvel, usada como matéria-prima na indústria têxtil. À época, o dono do grupo informou que os investimentos giravam em torno de R$ 600 milhões, incluindo o plantio de florestas, dos quais R$ 350 milhões financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A “nova” Jari teria capacidade de produção inicial de 250 mil toneladas por ano.

 


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