Política

Sarney diz que impeachment de Dilma Rousseff ‘não tem sentido’

Em entrevista à BBC, ex-senador diz que  a presidente é ‘sacerdotisa do serviço público’



 

Em entrevista exclusiva à Sucursal da BBC de Londres no Brasil, o ex presidente e ex senador pelo Amapá José Sarney saiu em defesa de Dilma Rousseff. Rotulando-a de ‘sacerdotisa do serviço público’, Sarney afirmou que o impeachment reivindicado por parte da sociedade não tem legitimidade: “Isso não tem nenhum sentido. É apenas uma reminiscência do impeachment do Collor. Mas isso (o impeachment) não ocorre de nenhuma maneira com a presidente Dilma”.

Em meio às crescentes manifestações pelo País na defesa do impeachment, Sarney contra-atacou: “Pelo contrário, (a Presidente) é uma pessoa que tem feito um esforço extraordinário na Presidência e ao mesmo tempo é uma sacerdotista do serviço público, porque ela é uma mulher que tem tido um trabalho imenso e tem se dedicado de corpo e alma a sua tarefa”, disparou.

Na entrevista, Sarney se comparou a Dilma ao afirmar que ambos governaram em momentos complicados, diferentemente de Lula (2003-2010) e Juscelino Kubitschek (1956-1961), que presidiram o país em tempos de expansão da economia mundial, afirmando que entre 2003 e 2007, o crescimento global esteve acima da média histórica e, embora Lula tenha pegado o estouro da crise mundial em 2008, seus efeitos foram sentidos mais longamente no governo de sua sucessora.

“Eu ouvi uma vez do Helmut Schmidt, que foi chanceler da Alemanha (1974-1982) e um homem extraordinário, me dizer que ninguém escolhe o tempo que governa. Ela está governando em tempos difíceis, como também aconteceram no tempo que eu governei”, comparou o ex-Presidente.

Para Sarney, a corrupção na Petrobras poderia ter sido evitada se houvesse controle mais rígido sobre as contas da estatal. O ex-presidente apresentou um projeto de lei nesse sentido quando era senador, em 2009. O projeto previa, por exemplo, que todas as estatais fossem fiscalizadas pelos Tribunais de Contas: “Eu apresentei um projeto de lei que, infelizmente, até hoje a Câmara não votou, mas passou no Senado, criando um regime muito mais rígido de controle das estatais que são, ao mesmo tempo, companhias privadas e públicas, o que afrouxa muito os controles que se deve ter com o dinheiro público”.


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