Política

Vinícius Gurgel também destina emendas parlamentares para estados diferentes do Amapá

Parlamentar amapaense justifica que a abrangência da atuação de um parlamentar federal é em todo o território nacional


 

Uma publicação nacional neste sábado (23) repercute o fato de alguns congressistas brasileiros enviarem recursos através de suas emendas parlamentares para estados diferentes de onde o político está eleito. É o caso do deputado federal Vinícius Gurgel (PL/AP), que segundo o Estadão apurou teria enviado 77,2% das emendas individuais para prefeituras de fora do Estado, ou R$ 29,2 milhões. As emendas foram para quatro cidades do Ceará, uma no Maranhão e outras quatro na Bahia.

 

Procurado, Gurgel disse que seu trabalho na Câmara é representar “toda a população brasileira”. “Além de ser eleito para ser representante do Amapá na Câmara dos Deputados, ele também representa toda população brasileira. Assim como trabalha pelo Amapá, Vinícius Gurgel ressalta ainda que é preciso promover o desenvolvimento econômico e social de todas as regiões do país”, disse ele, por meio de sua assessoria de imprensa.

 

Ao Estadão, o prefeito Nandinho da Serraria, de Esplanada (BA), disse que não conhece Gurgel e que a emenda ainda não foi paga ainda. O prefeito disse que deputados de diferentes Estados às vezes fazem “trocas” de emendas entre si. “Geralmente, os deputados… uns pedem para os outros indicar para o município, mas… só se foi através de um outro deputado nosso aí. Geralmente eles fazem isso aí”, diz o prefeito.

 

Analistas

Consultor de Orçamento aposentado da Câmara dos Deputados, Hélio Tollini diz que é preciso separar os casos legítimos de envio de emendas para fora do Estado daqueles em que há indício de atividade ilícita. O especialista diz ainda que há casos de congressistas que têm interesses eleitorais em outro Estado além daquele em que foram eleitas, a justificar o envio de emendas para fora. É o caso daqueles que têm origem e construíram carreira em outro Estado, diferente daquele em que se elegeram. “Tem que filtrar também esses grandes centros, como o Hospital do Câncer de Barretos”, diz ele.

 

Já o cientista político Sérgio Praça especula sobre possíveis explicações para o fenômeno. “Pode ser uma coisa partidária ou ideológica. Digamos que você seja um deputado do PT e um prefeito do seu partido em outro Estado lhe peça dinheiro para o município. Pode ser também uma troca com outros parlamentares – você manda um recurso para a Bahia e outro deputado do PL envia dinheiro para o Amapá (…)”, diz ele, que é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “Mas, é evidente que a CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) deveriam dar uma olhada nisso”, diz ele.

 


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