Política

Waldez Góes diz que vai priorizar os interesses regionais e a defesa dos direitos dos trabalhadores

Reeleito para o 4º mandato, governador afirma que vai dialogar com o governo federal para garantir o desenvolvimento do estado e apoiar o presidente reeleito, mas sem abrir mão de uma agenda que priorize o Amapá e a defesa dos direitos dos trabalhadores.


Em entrevista exclusiva para o Sistema Diário do Comunicação (Jornal, Rádio e Revista), o governador Waldez Góes falou no programa LizMeloEntrevista (DiárioFM 90,9) sobre os bastidores da campanha eleitoral e suas propostas de governo, comenta a relação de antigos aliados que se desgarraram por se sentirem desprestigiados, as suas perspectivas para a nova gestão e a relação com o Presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Ele deixou claro que vai seguir as bandeiras programáticas do seu partido quando se tratar de questões nacionais que digam respeito à garantia de direitos dos trabalhadores e aos interesses regionais, mas afirmou que vai atuar conjuntamente com os representantes do Amapá no Congresso e com os governadores para defender os direitos da Região, mesmo se tiver que agir de forma contrária às diretrizes do governo federal.

Sistema Diário – A sua campanha agregou várias lideranças políticas, mas também causou ‘rachas’ entre aliados de décadas, como Papaléo Paes e Gilvam Borges. Como vai ser a sua relação com essas lideranças?

Waldez – Essas empreitadas no processo politico fazem parte do sistema democrático. Eu sempre tive boa relação com o Papaléo, com o senador Gilvam e a senadora Fátima; e essas decisões não são isoladas, são de pessoas, do conjunto de partidos e nem sempre saem da maneira que desejamaos conduzir. Essa questão da composição da Chapa para governador iniciou com 5, 6 pretendentes (ao cargo de vice) e é lógico que tivemos toda paciência para conduzir e construir o processo sem nenhum atrito, mas no final houve esse desencontro. No decorrer do processo ocorreu de alguns buscarem outra candidatura e teve até casos de outros que desistiram de pleitar sem necessariamente haver conflitos; no finall afuniliu entre o Jaime  e o Papeleo; entendo que poderia ter tido desdobramentos sem maiores desgates, mas infelizmente acontece o que todo mundo sabe; inclusive evitei fazer comentários respeitando o sentimento das pessoas.

Sistema Diário – As declarações dadas por Papaléo e Gilvam por ocasião dos respectivos desembarques, de alguma forma magoaram o senhor?

Waldez – Não, em absoluto, a não ser se fossem declarações que me ofendessem, mas isso não aconteceu, mas sim opiniões políticas. O que eu desejava é que tivéssemos apenas dois candidatos ao Senado, mas procurei respeitar o direito das pessoas e, como a legislação permitia duas candidaturas, embora contrariando o meu desejo pessoal, concordamos com as candidaturas do Gilva e da Fátima do MDB, do Pastor Guaracy pelo partido dele (PTC) e do Lucas pelo PTB. Tive que respeitar isso, apesar de eu querer que afunilássemos só dois, mas como não conseguimos fazer isso permitimos e respeitamos que saíssem isoladamente e todos decidiram que mesmo isoladamente coligariam rocmigo para o governo do estado.

Sistema Diário – Cogitou-se que a candidatura de Jaime Nunes ao Senado, que inicialmente foi lançada, seria apenas de “faz de conta” até que se consumasse a sua candidatura a vice-governador…

Waldez – Não, se indagado o próprio Jaime vai dizer (que isso não ocorre). A candidatura ao ao Senado foi lançada e estavam bem arriculada, bem estrutura, com sua equipe formada e lhe garanto que essa decisão foi tomada na reta final; e estamos bem servidos, pois o Jaime trouxe contribuição enorme para o processo pré-eleitoral e depois para o 1º e o 2º turno, participando da construção do plano de governo com muitas ideias e sugestões; temos dialogado muito com foco no processo de desenvolvimento do estado, com o fortalecimento das atividades produtivas para agregar renda. O Jaime tem sido decisivo e terá participação muito forte no governo.

Sistema Diário – De acordo com as pesquisas o senhor vinha tendo um desempenho abaixo da intenção de votos dos demais concorrentes e, para piorar, veio o Ibope botando sua candidatura bem distante das suas expectativas no 2º turno. Isso chegou a preocupar?

Waldez – Não em absoluto, porque a gente trabalha com informações internas que é checada a cada dois dias; quando a gente identificava algum problema ou avanços isso era tratado dentro da estratégia da campanha. Num projeto desse não podemos ser influenciados, em especial numa campanha curta de seis semanas no 1º turno e três no 2º turno; tem toda uma estratégia de comunicação, de trabalho de campo, com lideranças das mais diversas; e não foi só o Ibope, pois segmentos também traziam informações tentando influenciar o núcleo de campanha, que em respeito eu acolho, recebo, mas não me deixo influenciar por apego à estratégia traçada; tanto que o Ibope divulgou a pesquisa na sexta-feira e todos viram no sábado a Rua Cândido Mendes tomada por nossos militantes, por nossos lideres das mais diversas matizes, que por toda a minha história se abatem, a não ser que as informações sejam levadas pessoalmente por mim.

Sistema Diário – Na sua opinião o Capí seria o concorrente “mais duro” no 2º turno?

Waldez – Não, porque eu me preparei pra disputar a eleição com quem a população escolhesse; você viu que nos debate, aqui na Diário e nos outros debates eu fazia pergunta aos demais candidatos sem escolher debatedor; em cima disso a gente desenvolveu a campanha; e seria muita pretensão a gente estar buscando a confiança da população e ainda escolher com quem vai disputar a eleição. Eu não faço isso não.

Sistema Diário – vai reativar obras paradas?

Waldez – Estamos trabalhando internamente em duas frentes. Fui a Brasília junto com os prefeitos e tivemos reunião com os deputados federais e senadores onde tratamos da alocação de recursos; concordamos em reduzir de R$ 220 milhões para R$ R$ 170 milhões os recursos inicialmente alocados; preferi assinar embaixo essa decisão aprovada pela maioria, com a destinação de R$ 100 milhões para concluir e equipar o Hospital Universários, R$ 15 milhões para o governo revitalizar e construir novas obras, além de R$ 17 milhões para concluir o Hospital do Câncer e a retomada da obra da ponte sobre o Rio Jarí; além disso tenho o ‘Plano B’, que é o valor de R$ 280 milhões do BNDES para novos projetos e estou priorizando também a construção do Hospital do Pronto Socorro.

Sistema Diário – Quem vai ser responsável pela construção da ponte sobre o Rio Jarí?

Waldez – A prefeitura (de Laranjal do Jarí) tem limitações técnicas, por isso eu vou fazer convênio ou licitação direta para contratar uma empresa de gerenciamento para a obra. Teriam ainda outras duas possibilidades, que é devolver ao governo federal a obra para o Dnit assumir, mas pra isso a prefeitura teria que devolver tudo que já foi gasto, e a prefeitura não tem dinheiro pra isso.

Sistema Diário – O senhor prometeu isentar pelo menos 45 mil consumidores do pagamento de energia elétrica. Como  pretende tornar isso possível?

Waldez – O que eu prometi e vou fazer é isentar famílias de baixa renda do pagamento da conta, que é diferente de reduzir. Vamos isentar quem consome até 220 quiloates e já estou tomando providências, se vai ser por decreto ou por lei; inclusive já fiz a programação para o orçamento de 1019; é importante destacar que estamos listando todos os que consomem até 200 quiloates, mas vamos fazer uma triagem, pois tem quem consome menos de 220 quiloates, mas não são carentes, inclusive há empresas e escritórios que consomem abaixo disso, mas não são de baixa renda. Minha previsão é atender cerca de 45 mil pessoas carentes.

Sistema Diário – O senhor, na calor da campanha, não prometeu acabar com o parcelamento dos salários dos servidores públicos, mas sem descartar essa possibilidade. Questão de prudência, pés no chão, governador?

Waldez – Estamos fazendo todo esforço pra acabar, mas continuo com a mesma ‘pegada’, fazendo toda a organização do estado para diminuir o déficit orçamentário e prevejo que ainda em 2019 estaremos com isso resolvido; mas eu nunca criei expectativa passageira por ter convicção que o melhor é a transparência e a honestidade no tratamento com as pessoas; eu sempre falei claramente sobre as razões que nos levaram a utilizar essa metodologia e o que teríamos que trabalhar para que ao final o Amapá nunca mais pudesse se deparar com isso; mas estou trabalhando para acabar (com o parcelamento) em 2019.

Sistema Diário – E quanto ao retorno dos vigilantes às escolas estaduais, mesmo já dotadas de vigilância eletrônica. É possível?

Waldez – Imagine um vigilante sozinho numa escola, que às vezes ocupa um quarteirão inteiro, tendo que guarnecer as laterais, frente e fundos? Nós vamos associar os dois sistemas, com a contratatação de agentes educacionais, ou mesmo vigilantes, que vão trabalhar com toda a tecnologia disponível, através do sistema de monitoramento eletrônico, olhando tudo o que está acontecendo nas áreas interna e externa. Queremos também fazer isso na administração direta além da educação, tanto presencialmente como com a tecnologia disponível na mão. Já estou preparando a licitação para contratar agentes educacionais, e com certeza o vigilante vai se sentir mais seguro na escola sem ter que trabalhar só com a arma em punho e ser surpreendido em algum momento; isso pode incomodar no início, mas na prática, ao se sentir mais seguro, aceita.

Sistema Diário – O senhor vai convocar todos os aprovados nos cursos realizados neste ano, incluindo o cadastro reserva?

Waldez – Ainda tem concurso em andamento neste ano e mais seis confirmados para 2019. Todos os aprovados nos concursos já realizados estão sendo chamados; o da PM fiz a chamada da primeira turma com 300, na segunda e os 100 restantes da lista de espera vamos chamar de uma vez só, cerca de 200 ou 300; se não der certo ainda para este ano vamos chamar no início de 2019.

Sistema Diário – Com 11 caras novas (deputados recém- eleitos), como o senhor espera construir a relação com a nova composição da Assembleia Legislativa?

Waldez – Sempre costumo levar de forma amistosa; a gente já dialogou com quase todos eles, inclusive a maioria participou do processo da nossa eleição no 2º turno.

Sistema Diário – O senhor vai mexer com o atual secretariado?

Waldez – Claro, na verdade ainda este ano vou focar em duas agendas fortes; uma é o encerramento do ano fiscal e a outra é o início da nova gestão em 1º de janeiro; mas temaos que encerrar o mandato com a prestação de contas; ainda temos um défict muito grande; caminhamos razoalvemente com os demais Poderes, mas o Executivo ainda padece de um déficit alto; reduzimos em R$ 40 milhões das despesas com pessoal, que era mais de R$ 800 milhões, mas ainda temos desafios pela frente; e se não tivéssemos não estaríamos mais com os salários parcelados. O certo mesmo é que eu vou focar no encerramento do exercício fiscal e do mandato e também no plano de governo que eu propus e que foi aprovado pela sociedade com a minha reeleição, como a ampliação do Amapá Jovem para 20 mil beneficiados, por exemplo, entre outras medidas.

Sistema Diário – Cumpre novo mandato a partir de janeiro, mas agora, em vez da reeleição, que não pode mais, também com foco no Senado, daqui a 4 anos?

Waldez – Meu foco continua sendo o Amapá, por quem vou trabalhar cada vez mais. Campanha política fica pra depois.

Sistema Diário – E o seu ‘queridinho’ para a prefeitura, em 2020?

Waldez – Cedo, muito cedo, e ainda não tenho preferência por ninguém.

Sistema Diário – Como vai ser a sua relação com o governo Bolsonaro?

Waldez – Não dá ainda pra dizer como vai ser, todos nós estamos nessa perspectiva. Tenho dito que agora precisamos dar tempo aos brasileiros, ao Brasil, para a geração de emprego e renda, em especial para os jovens e pobres, porque a agenda desses últimos quatro não foi discutida, foi imposto um sofrimento muito grande para o povo. Quero acreditar que o futuro seja construído com sabedoria e bastante diálogo com os diferentes, pois vemos no Brasil uma diversidiade muito grande, não vamos adiante para fazer as coisas na marra; no Norte temos o Fórum dos Governadores e não podemos aceitar o governo central dizer o que é bom para a região. Espero um avanço significativo nas relações, porque do contrário seria pagar um preço muito mais alto nos próximos quatro anos.

Sistema Diário – O PT voltará a participar do governo?

Waldez – Eu devo trabalhar na composição do governo entre o final de novembro e o final de dezembro; antes vou focar mais dentro da administração e depois volto à carga discutindo com os partidos a composição do governo.

Sistema Diário – O Capí (João Capiberibe, do PSB) foi um candidato à altura?

Waldez – Sempre foi um adversário duro; já competi com ele dentro do governo em 1998, na minha primeira candidatura; foi a primeira reeleição no país e ele se reelegeu. Em 2002 eu ganhei da professora Dalva (Figueiredo), em 2006 eu estava no governo e venci no 1º turno, me reelegendo; saí em em 2010, voltei em 2014 disputando mais uma vez com o PSB, dessa feita com o Camilo (Capiberibe) e agora venci de novo. Foi uma boa disputa.

Sistema Diário – O senhor foi o único governador eleito pelo PDT em 2018. Como será o seu relacionamento com o partido, considerando o seu posicionamento de oposição ao presidente eleito, já anunciado publicamente tanto pelo ex-candidato Ciro, como pelo seu irmão, o senador eleito Cid Gomes?

Waldez – É importante destacar que nós crescemos em termos de bancada, pois temos 19 deputados federais e seis. Não tenho essa preocupação, mas tenho um quadro no estado, independente se fosse Bolsonaro ou Haddad; não tenho problema de diálogo, sou alinhado com sete dos oito deputados federais e com os três senadores, tanto que também já conversei com o Randolfe, com o Daví ontem (31), com o Daví no gabinete dele e o Lucas que elegeu-se na nossa frente (de partidos);eu vou sempre me apresentar nos ministérios, no governo federal numa posição Republicana, e o que for de interesse do Amapaé e da Região vou atuar sempre junto com os governadores da Amazônia, sempre respeitando o diálogo, mas sem abrir mão dos direitos dos amapaenses; dialoguei intensamente com os sete deputados federais; ainda não falei com o deputado Camilo, mas vou fazer, não tenho nenhum problema de dialogar com ele e vou avisar ao meu partido que uma coisa é a posição do partido; se for uma posição nacional em prejuízo do meu estado, que represento, com 800 mil habitantes, se for pra mexer com direitos dos trabalhadores, aposentados e grávidas eu não vou abrir mão; mas se for para fortalecer a democracia, o trabalhismo e os direitos humanos eu vou fechar com o meu partido, pois é conteúdo programático do meu partido e meu, e se precisar de enfrentamento com o governo federal eu vou me posicionar, mas não retirar  minha pauta, que é com os deputados federais, com os senadores e o meu partido em apoio ao governo federal.

Sistema Diário – O vice sempre foi tido como figura decorativa. Com o Jaime Nunes vai ser diferente?

Waldez – Na verdade eu semrpe procurei ter uma relação diálogo e missões do governo para aqueles que goveneram comigo. Foi assim com o Pedro Paulo, que chegou a ser secretário de estado, com o Papaléo, que coordenou todo o processo de agenda da transposição, missão que ele desempenhou até a sua renúncia, juntamente com os sindicatos das categorias junto ao Ministério do Planejamento e a SAMP aqui no Amapá; assim também vai ser com o Jaime; a vocação dele é a agenda do desenvolvimento, mas ele vai contribuir no todo, está atuando muito forte nas sugestões e vai me ajudar muito no processo de desenvolvimeto seja do setor primário, na produção de grãos e na verticalização da industrialização, no processo de desenvolvimento do Amapá.


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