Turismo

SANTUÁRIO DE BÚFALOS

Rebanho curte até praia na Ilha do Marajó


CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO

Para quem gosta de destinos turísticos ainda pouco explorados, a dica de hoje é a Ilha do Marajó, que embora pertença ao Pará na divisão geopolítica brasileira, pode ser acessada muito pelo Amapá pois algumas das cidades da ilha estão, digamos assim ‘viradas’ em direção a Macapá e não para Belém. O forte apelo natural e um contato muito mais próximo com a natureza e com sua gente são os maiores diferenciais do Marajó, mas um animal está literalmente roubando a cena por lá: o búfalo. Lá está concentrado o maior rebanho desta espécie em todo o Brasil.

Mas o Marajó tem tudo a ver com o Amapá. Uma constatação dessa premissa é a cidade paraense de Afuá, palco de um dos mais tradicionais festejos da região, o festival do Camarão, no mês de julho, para onde se mudam mais de 40 mil veranistas para uma cidade onde moram pouco mais de 10 mil pessoas. Um verdadeiro carnaval fora de época acontece no terceiro domingo.


Maior ilha fluviomarinha do mundo, a Ilha de Marajó é banhada pelo oceano Atlântico e pelos rios Amazonas e Tocantins. Dividida em 12 municípios pontilhados por matas, rios, campos, mangues e igarapés, forma um cenário perfeito para quem pretende desvendar um pedaço quase intacto da selva amazônica. O ponto de partida da viagem é Belém, de onde saem barcos e balsas rumo à Soure, a “capital” da ilha, alcançada depois de cerca de três horas de navegação. É nesta área que estão as melhores praias – do Pesqueiro, Barra Velha e Joanes -, as melhores hospedagens e restaurantes, além de boa parte dos 250 mil habitantes da região. Com tanta diversidade, Marajó promove experiências únicas. A mais interessante delas é montar no lombo de um búfalo para um passeio. Símbolos da ilha, os animais são vistos em grandes manadas nas extensas planícies ou dispersos nas modestas áreas urbanas, onde são usados como táxi e montaria para a polícia. No Carnaval, fazem sucesso puxando carroças equipadas com caixas de som, numa versão local dos trios elétricos baianos. Habitat de grande variedade de peixes e pássaros, o arquipélago oferece muitas atividades em meio à natureza, realizadas nas fazendas. Entre elas estão observação de guarás – ave típica de penas vermelhas -, pesca, a focagem de jacarés e passeios de barco pelos igarapés. Os fãs dos esportes de aventura também se divertem na área com a prática de caminhadas na selva, rafting e ciclismo pelas praias.

Colaboração: Paratur e Portal Terra

 

Uma história rica com os registros em cerâmica

Destaca-se pelos montes artificiais, nomeados tesos, construídos ainda em seu passado pré-colombiano pelos índios locais. A ilha era chamada de Marinatambal pelos indígenas (confirmado por Sir Walter Raleigh no século XVI), já em tempos coloniais foi denominada como Ilha Grande de Joannes. Outro destaque da ilha, é o lugar de maior rebanho de búfalos do Brasil, cerca de 600 mil cabeças.


A ilha de Marajó entre os anos de 400 e 1300 era ocupada por cerca de 40 mil habitantes que moravam em casas de chão batido sobre palafitas de terra e se caracterizavam por uma sociedade de linhagem materna. Desde a infância as marajoaras desenvolviam a arte de modelagem da argila e produção da cerâmica marajoara até o cultivo e manejo da mandioca. No início da adolescência, as marajoaras tinham os corpos pintados e usavam uma tanga de cerâmica decorada com traços referentes aos genitais.

A ilha é dividida em dezesseis municípios que pertencem à entidade estatística denominada Mesorregião do Marajó. Por sua vez, a mesorregião é dividida em três microrregiões: Microrregião do Arari, Microrregião de Furos de Breves e a Microrregião de Portel.

 

Os encantos e as deliciosas iguarias da maior ilha fluvial do planeta Terra

As surpresas se fazem presentes também na gastronomia, que tem a carne de búfalo – claro! – como grande destaque. Os pratos mais apreciados são o Filé Marajoara, servido com mussarela de búfala derretida; e o Frito do Vaqueiro, que traz fraldinha ou minguinha (carne da costela) cozidos e acompanhados de pirão de leite. Também merecem destaques o caldo de turu, um molusco típico do mangue; e as suculentas peixadas. Para a sobremesa, aposte nos sorvetes de frutas exóticas como uxi, bacuri, taperebá e cajarana.


Os encantos da região se refletem também na cultura. Uma das heranças mais ricas deixadas pelos índios marajoaras é a bela arte da cerâmica estilizada. Para apreciar os trabalhos, siga para o Museu do Marajó, localizado na modesta Cachoeira do Arari, uma cidadezinha escondida no meio da mata. Construído numa antiga fábrica de óleos, o espaço tem um rico acervo que guarda desde vasos, jarros e utensílios de cozinha à urnas funerárias. Quando o assunto é dança, o carimbó e o lundu surgem absolutos. Autênticos da região, os passos foram inspirados em manifestações de origem africana e indígena.

Antes de viajar, escolha bem a época, já que calor e chuvas são características comuns do Pará se intercalam no calendário. No primeiro semestre chove quase todos os dias, alagando campos e florestas e impedindo algumas travessias. A vantagem é que a temperatura fica mais amena. No resto do ano, no período de seca, os termômetros batem facilmente os 40 graus. O consolo é que a água já baixou e fica mais fácil circular pela região. No mês de julho, agradável e concorrido, os turistas lotam a orla da praia do Pesqueiro.

CURIOSIDADES

– Narram as crônicas que os primeiros Búfalos teriam entrado na Amazônia, em 1890 ou
1895, trazidos por condenados foragidos da Guiana Francesa em um barco que aportou
na cota norte da Ilha do Marajó. Seriam da variedade Maláia ou da China, mas
provenientes de Ilha do Caribe ou das Guianas, onde foram introduzidos pelos
colonizadores ingleses e holandeses.
40 mil
Essa era a população do Marajó entre os anos de 400 e 1300, quando surgiu a cerâmica marajoara.


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