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Deputado diz que dinheiro foi para fins empresariais

Operação Caminho do Ferro


O deputado estadual Júnior Favacho, em nota (leia abaixo), discorre sobre o envolvimento de seu nome na Operação Caminho do Ferro. Ele nega que tenha recebido propina da empresa mineradora Zamin, admite o recebimento da importância, mas como fulcro de negócios para construção de um condomínio residencial no distrito da Fazendinha (foto) com o empresário Carlos Daniel. O condomínio citado pelo deputado é construído pela empresa dele de construção civil.

O parlamentar lembra que antes de assumir o mandato legislativo já atuava na área da construção civil, e que no momento conduz a obra de um condomínio residencial na Fazendinha. Como o empreendimento é de alta monta resolveu fazer parceria com o empresário Carlos Daniel.

Júnior Favacho lamenta que o envolvimento de seu nome na operação policial tenha trazido danos a ele e a sua família, tanto na imagem como em prejuízos nos negócios.

O inquérito autorizado pela Justiça Estadual apura possível suborno envolvendo quase R$ 11 milhões que teriam sido pagos para que a Assembleia autorizasse a transferência da concessão da Estrada de Ferro do Amapá para a multinacional Zamin Resourses, que atua na área de mineração no estado e pertence ao indiano Pramod Agarwal. A transferência da concessão ocorreu em 2013.

Em oito anos, a Estrada de Ferro do Amapá (EFA), que liga os municípios de Serra do Navio e Santana e é responsável pelo transporte de minério do interior do estado para o Porto de Santana à margem do rio Amazonas, foi alvo de duas operações deflagradas pela Polícia Federal. A primeira, chamada Midas, em julho de 2008, e a Caminho do Ferro, semana passada.

A operação foi resultado de investigação do Ministério Público do Amapá, que acionou a Polícia Federal após receber comunicado do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) sobre dois depósitos na conta do ex assessor parlamentar Daniel dos Santos Dias.

Em declarações, nesse sábado, 5, Daniel se posicionou sobre a reportagem veiculada na imprensa a respeito da investigação do Ministério Público do Estado.

O ex-assessor disse que o dinheiro depositado em sua conta não era propina para que a Assembleia Legislativa aprovasse a transferência da concessão da estrada de ferro para a mineradora Zamin.

Daniel informou que trabalhou como assessor do deputado na época em que o parlamentar, que também é empresário, começou a construção de um condomínio no distrito da Fazendinha.

“Não sou delator. Fui prestar depoimento de forma espontânea na Polícia Federal e, posteriormente, ao Ministério Público do Estado, para esclarecer pontualmente os investimentos feitos com o dinheiro. Tudo se tratava de um investimento comercial nas obras do condomínio”, esclareceu.

O advogado ainda falou sobre a compra de maquinários, que incluíram caminhões e tratores sequestrados pela Justiça durante a operação Caminho do Ferro. “É claro que o dinheiro foi investido na compra de caminhões e tratores, porque isso era a finalidade da parceria entre o deputado e o empresário investidor Carlos Daniel Magalhães”, destacou Daniel, que ainda garantiu que em nenhum momento declarou em seus depoimentos que o dinheiro se tratava de propina.

“Reforço que o dinheiro é um investimento comercial, e que só emprestei minha conta porque o deputado estava impedido por questões judiciais”, comentou o advogado e ex-assessor.

Para a deflagração do Caminho de Ferro, o desembargador Raimundo Vales expediu oito mandados de busca e apreensão e três mandados de prisão temporária nas cidades de Macapá, Santana e Rio de Janeiro.

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Sobre a reportagem divulgada neste veículo de comunicação a respeito da operação “Caminho do Ferro”, tenho os seguintes esclarecimentos a fazer:

1) É notório que eu, antes de exercer o cargo de deputado estadual, já era empresário do setor da construção civil. Nesse campo, conduzo a construção de um condomínio residencial no Distrito da Fazendinha;

2) Pela dimensão do projeto, foi necessário buscar investidores de grande porte, e o empresário Carlos Daniel decidiu apostar no investimento e fazer a parceria;

3) Não são propina os valores a que se refere a investigação. O dinheiro é investimento que o empresário Carlos Daniel fez como parceiro do condomínio;

4) O valor foi depositado na conta do advogado por ser meu representante legal;

5) É muito natural que o investimento tenha sido feito em caminhões e máquinas pesadas, por se tratar de obras de construção civil;

6) Meus advogados ainda não tiveram acesso aos autos do processo. Eu e minha família estamos sofrendo um desgaste imensurável de nossa imagem, além de prejuízos nos negócios;

7) Para finalizar, destaco o que o desembargador decidiu sobre o pedido para minha condução coercitiva. Ele considerou que era desnecessária. Nunca fui intimado no processo e desconheço completamente o teor das investigações. Coloco-me à disposição de todas as autoridades porque meu compromisso é com a verdade e a Justiça.


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