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Especialista prevê reaquecimento da mineração no Amapá

Apesar do colapso mundial do setor, Ortiz  Virgolino acredita que sucessora da Zamin vai recolocar o estado na vanguarda da comercialização do ferro no mercado internacional


O coordenador de Mineração e Petróleo da Agência Amapá – órgão criado na atual gestão do governador Waldez Góes através da fusão de duas secretarias, José Luís Ortiz  Virgolino, afirmou na manhã desta sexta-feira, 12, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), que apesar do colapso mundial setor, as previsões são otimistas para que o Amapá retorne à vanguarda da comercialização do ferro no mercado internacional. Segundo ele, ao contrário do que alguns acreditam, recente decisão da Justiça de São Paulo em favor da Mineradora Zamin é benéfica para o estado.
 
“O Governo do Amapá fez acordo com a Zamin que vai passar a entrar em vigor a partir do dia 15 de fevereiro (próxima segunda-feira). Infelizmente essa decisão da justiça paulista de autorizar a Zamin a vender o minério estocado para o pagamento de dívidas, inclusive trabalhistas, pode levar a empresa a não cumprir o Protocolo de Intenções, frustrando as nossas expectativas nesse sentido. Esse acordo previa a reativação da mina em Pedra Branca, a recuperação do Porto da Icomi, que foi pro fundo, e a Estrada de Ferro (EFA); o objetivo maior desse protocolo, entretanto, era o cumprimento das ações trabalhistas, permitindo, em seguida, a retomada das operações de extração do minério de ferro; de qualquer maneira, essa decisão da justiça paulista também projeta essas ações, porque de qualquer maneira, para a venda desse minério, a nossa velha e maltratada senhora idosa estrada de ferro terá que ser recuperada de qualquer maneira para viabilizar o transporte do minério”, pontuou.
 
Decadência
 
Ortiz Virgolino, que é engenheiro com especialização na área de mineração, e atuou durante três décadas na Icomi, atribui a regressão da mineração em todo o mundo à grande oferta do minério de ferro: “Essa regressão não é peculiaridade do Amapá, porque atinge o mundo inteiro; pra se ter ideia, só se falava no retorno da Anglous American, mas a realidade é frustrante, considerando que a empresa, que tinha mais de 153 mil funcionários já anunciou a demissão de 83 mil; há 15 dias, durante um encontro internacional de presidentes de empresas de mineração, o presidente da Anglous previu que os anos de 2016 e 2017 serão ainda piores, o que é preocupante, tanto que ele revelou que, para se sustentar no setor, a empresa foi obrigada a se desfazer de 30% do seu capital, e as atividades no amapá foram nessas águas, levadas pelas águas da China, cuja crise deflagrou a recessão em todo o planeta”, analisou.
 
Na opinião de Ortiz  Virgolino, a decadência mineral é decorrente da crise mundial, e se agrava por causa do grande custo da produção no Amapá: “Não temos preço para cobrir a oferta, ficando o setor refém de apenas quatro grandes empresas em todo o mundo, entre as quais a Vale do Rio Doce, a BHP e a Anglous Ferrous; para se ter ideia do drama vivido pelo setor, aqui o custo da tonelada de ferro fica entre 40 e 60 dólares, enquanto o preço caiu pra menos de 20 dólares no mercado internacional; a Vale, por exemplo, produz uma tonelada por 18 dólares, e há empresas que produzem a 13 dólares; o mercado está sobejamente abastecido de minério de ferro, o que empurra nossa produção cada vez mais para baixo”, analisou.
 
Petróleo
 
Para Ortiz  Virgolino, o Amapá tem que focar com mais profundidade e determinação na área de infraestrutura para que não deixe escapar as grandes oportunidades. Ele aponta como exemplo a preparação para a exploração do petróleo na Costa do Amapá: “A exploração do petróleo é um assunto que nos preocupa muito; já perdemos a grande primeira oportunidade que foi a decisão da Total (empresa vencedora da licitação para perfuração dos primeiros poços de pesquisa) de não vai usar o Amapá como base da primeira etapa, significando dizer que os dois anos previstos para a perfuração de sete poços de pesquisa não vão beneficiar o Amapá, justamente por falta da infraestrutura básica necessária”, lamentou.
 
Conforme explicou o coordenador de Mineração e Petróleo da Agência Amapá, essa perda ocorreu porque o Amapá não teve condições de oferecer porto, aeroporto e estradas para garantir a logística das operações: “Dessa primeira etapa, infelizmente, já estamos despachados; mas vem a segunda etapa e as outras, e já levantamos todas as necessidades para que não sejamos excluídos das próximas fases; esse levantamento está sendo levado ao governador Waldez Góes, que já se prontificou a adotar todas as medidas técnicas e políticas necessárias para a solução dos problemas existentes, principalmente a viabilização de uma estrada de rodagem compatível até Oiapoque, de um aeroporto internacional na fronteira e um sistema de radiocomunicação eficiente; são providências que impõem execução rápida, porque se não tivermos essa capacidade logística até o final de 2018, a outra empresa que vai trabalhar na exploração do petróleo não vai ter condições de se fixar lá; por isso o Governo do Estado e a classe política terão que trabalhar juntos para evitar mais surpresas desagradáveis”.
 
Novos horizontes
 
Segundo o especialista, a Zamin, atualmente, tem condições de investir no Amapá e retomar as atividades em Pedra Branca de forma ainda mais eficiente: “Fomos surpreendidos com o surgimento da Internovia Natura (empresa da área de mineração), que se apresentou na justiça paulista, perante a Vara de Recuperação Judicial, como detentora de 32% do capital da Zamin; na ocasião, o represente da empresa considerou como ilegítimo o protocolo de intenções firmado com o governo do Estado; posteriormente, durante audiência com o juiz, em São Paulo, com a participação de todos os envolvidos, ficou patente a incapacidade econômica da Zamin de tocar o projeto; foi quando a Internovia demonstrou interesse de arcar com todo o processo, o que nos trouxe um novo e grande alento, porque se trata de uma empresa muito mais forte e muito mais séria”.

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