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Estudantes paralisam curso e denunciam ‘estado de falência’ da Ueap

Sem o mínimo de estrutura e até sem instrumentos musicais, curso de música pode fechar. Evasão já atinge 50% em apenas um ano


Com apenas um ano após sua criação, o curso de música da Universidade Estadual do Amapá (Ueap) pode encerrar suas atividades ainda este ano, caso a direção da instituição não adote medidas urgentes para melhorar a qualidade de ensino. A evasão já atinge 50% porque, frustrados, os alunos buscam alternativas, inclusive em outros estados, para prosseguirem os estudos. Além da falta de um local apropriado para funcionamento e de equipamentos, os estudantes reclamam também da falta de equipamentos musicais.
 
A denúncia foi feita na manhã desta segunda-feira, 22, por representantes do movimento grevista no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9). Segundo eles, o problema é de gestão: “O atual reitor fica empurrando as coisas de barriga; ele atribui os problemas à gestão passada da Universidade, da qual ele próprio participou, mas não toma qualquer providência no sentido de corrigir os problemas. O resultado está aí; com um curso sem qualquer estrutura, o Amapá está perdendo, por inércia, uma das maiores conquistas do movimento artístico e cultural, porque o curso superior de música era uma aspiração antiga, mas, infelizmente, esse sonho está virando pesadelo”, reclamou Fábio, que faz parte do corpo de professores, mas está apoiando o movimento estudantil.
 
Ainda de acordo com Fábio, por causa da falta de estrutura o índice de evasão já é considerado recorde: “Em apenas um ano de existência a evasão já chega à metade; em números exatos, no início do curso eram 30 alunos e agora só restam 19; e assim mesmo o curso sobrevive por causa da parceria com a Escola Walkyria Lima, que cede espaço físico, instrumentos musicais e professores”, revelou.
 
“Quando a Ueap entrou em greve no ano passado, a Reitoria fez várias promessas, assegurou que seria dada especial atenção para o curso, inclusive com a compra de instrumentos musicais, mas absolutamente nada foi cumprido; pelo contrário, a situação está cada vez mais séria, mais grave, intolerável; o pior é que esse quadro não se restringe ao curso de música, porque está contaminando toda a Universidade, todos os cursos; os laboratórios estão fechados; a situação é mais grave do que se imagina, e assim mesmo a Reitoria fica anunciando a implantação do curso de medicina, o que, sem dúvida, seria um avanço muito grande, uma importante conquista para o estado; porém, com os problemas existentes nos demais cursos, não há qualquer possibilidade de implantação do curso de Medicina sem uma reestruturação completa em toda a Ueap”, analisou André, representante dos estudantes no movimento.
 
Os estudantes reclamaram, também, que o processo seletivo deste ano foi cancelado pela Ueap: “Lamentavelmente é mais um indício de que o curso de música pode estar com os dias contados, porque, sem alunos, não há como continuar. O que mais nos revolta é que não nos dão qualquer tipo de explicação. Em uma entrevista à imprensa, a Ana Paula Amaral (coordenadora do curso) afirmou que o processo seletivo teria sido transferido para o segundo semestre; ora, o segundo semestre já está em andamento e nem se fala mais em processo seletivo; na realidade, a falta de informações e de ações é o que está norteando a atual gestão, tanto que além de não termos um local apropriado, com acústica, até o prédio que a Ueap alugou no bairro Jesus de Nazaré para funcionar o curso de música ameaça desabar e já foi condenado pela Defesa Civil, completou André.
 
A reportagem do Diário do Amapá tentou contato telefônico com a Reitoria da Unifap, mas ninguém atendeu e tampouco retornou as ligações até o fechamento desta matéria.

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