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Polícia desvenda morte de taxista e afirma que trabalhador foi

Um homem – que está preso – recebeu R$ 1 mil para ajudar no assalto que resultou na morte do taxista


A Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública (Sejusp) confirmou no fim da manhã desta quarta-feira, 8, durante entrevista coletiva à imprensa, que o taxista Raimundo Wilson Barros Brito, 58 anos, foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte).

O corpo do trabalhador, que estava desaparecido desde sexta-feira, 3, foi encontrado durante a madrugada desta quarta-feira em um ramal no km 77 da BR 156, próximo à sede do município de Porto Grande. O taxista foi morto com golpes de arma branca (faca), segundo a polícia.

“Os delegados que atuaram na linha de frente da investigação concluíram se tratar de um latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte. Os suspeitos mataram o taxista com o único propósito de roubar o carro. Temos duas pessoas envolvidas na execução do crime, mas não descartamos a participação de uma terceira. Dos dois identificados, um já está preso. O outro – que seria o mentor do crime – já é considerado foragido”, disse o coronel Gastão Calandrini, secretário de segurança pública.

Dinâmica do crime
De acordo com o delegado Sidney Leite, coordenador do Núcleo de Operações e Inteligência (NOI), da Polícia Civil, Josiel Júnior, que teria orquestrado o plano, e que está foragido, planejou o assalto ainda na noite de quinta-feira, 2, quando ele estava em um clube na rodovia JK, no distrito de Fazendinha.

“O Júnior estava na companhia de um amigo que tinha sido convidado por ele para assaltar um taxista nesse clube. Porém, houve uma divergência entre eles e esse amigo resolveu abandoná-lo. Como o plano falhou naquele local, Júnior seguiu para a orla de Macapá. Ali ele abordou o Abraão Hebert Silva Souza que concordou em cometer o crime. Para isso, Abraão recebeu R$ 1 mil”, disse o delegado Sidney.

Ainda conforme com as investigações, a dupla acionou um taxista que não quis fazer a corrida e repassou para o colega Wilson. Por volta de 6h15 de sexta-feira, 3, Wilson  Barros acionou a base do Rádio Táxi Equinócio, onde era cooperado, informando que faria uma corrida até Porto Grande. Aquela foi a última vez que ele usou o rádio.

A viagem
De acordo com o delegado Alan Moutinho, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Pessoa (Decipe), os suspeitos negociaram a corrida até Porto Grande pelo valor de R$ 200. “Entre os quilômetros 77 e 78, da BR-156, um deles pediu ao taxista que entrasse em um ramal onde supostamente moraria uma tia dele. Para isso o trabalhador recebeu mais R$ 30 como pagamento. Ele só não imaginava que estava sendo arrastado para uma armadilha”, declarou o delegado.

Dentro do ramal um dos suspeitos pediu para que Wilson parasse o veículo sob desculpa de querer fazer xixi. “Assim que o táxi foi parado a dupla investiu contra a vítima. O taxista – que tinha uma faca na porta do carro – puxou a arma para tentar se defender. Porém, foi dominado e esfaqueado ainda dentro do veículo por um dos elementos. Ele ainda conseguiu abrir a porta e sair, mas novamente foi golpeado pelo menos três vezes no pescoço”, esclareceu.

O Diário apurou junto à Polícia Técnico Científica (Politec) que Wilson sofreu traumatismo cranioencefálico facial. Ele tinha perfurações no pescoço e teve duas costelas quebradas. A lesão no crânio – de cima para baixo – lesionou toda a face com afundamento do maxilar e mandibular.

Após o crime os suspeitos fugiram. Abraão teria sido deixado em Porto Grande, de onde retornou para Macapá. Em uma ponte próxima à Tartarugalzinho, moradores disseram ter avistado o táxi parando no local. Uma mulher, que estaria no bando de trás do carro, teria jogado o luminoso do veículo, o aparelho celular e outros pertences da vítima dentro do rio.

“A partir dessas informações se iniciou a montagem de um grande quebra-cabeças. As informações coletadas no curso das investigações nos levou ao amigo do Júnior, aquele mesmo que se recusou a participar do crime. Ele nos auxiliou e conseguimos chegar ao Abraão que confessou o crime e nos mostrou onde o corpo havia sido abandonado”, relatou o delegado Antonio Uberlândio, titular da Delegacia de Polícia do Interior (DPI).

O corpo de Wilson Barros foi localizado na madrugada desta quarta-feira. O local é de difícil acesso e a chuva que cai na região complicou ainda mais as buscas e remoção do cadáver. O corpo do taxista foi submetido a reconhecimento na Polícia Técnico Científica (Politec), passou por necropsia e foi liberado para velório e sepultamento.

Motivação para o crime e localização do veículo
O taxista Wilson Barros foi morto por causa da ganância de Josiel Júnior, segundo a polícia. Júnior – que fazia transporte clandestino de pessoas no interior do estado – deixou de pagar as parcelas de um veículo financiado que ele tinha há cerca de um mês. Com isso, o dono do carro fez o financiamento decretou o sequestro do bem.

“Sem ter carro para trabalhar, o Júnior resolveu roubar um veículo para dar continuidade à atividade criminosa. E ele já havia decidido que iria roubar um táxi. Esse veículo seria clonado posteriormente. No resumo, a vítima foi assassinada por esse fato torpe”, afirmo indignado o delegado Moutinho.

O carro foi localizado na manhã desta quarta-feira, 8, em um ramal no distrito do Lourenço. Josiel Júnior é reincidente na prática criminosa. Segundo a Sejusp, ele já esteve preso por outro crime de latrocínio.

Reportagem: Elden Carlos
Foto: Elson Summer


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