Cidades

Vítima de violência doméstica vive drama e faz apelo pela vida

Constantemente espancada pelo marido, ameaçada de morte e sem alternativa, ela desabafou no rádio pedindo providências da justiça e ajuda reativar venda de camarão, porque o pouco capital que possui para bancar o negócio foi levado pelo ex-companheiro


Apesar do endurecimento da pena para a violência doméstica com o advento da Lei Maria da Penha, os crimes praticados no âmbito familiar ainda fazem parte da rotina dos brasileiros. De acordo com pesquisa do Datafolha uma em cada três mulheres sofreram algum tipo de violência no último ano. Só de agressões físicas, o número é alarmante: 503 mulheres brasileiras são vítimas a cada hora. Levantamento oficial aponta 1.235 casos só em Macapá, Capital do Amapá.

Desesperada com a possibilidade iminente de ser assassinada pelo ex-companheiro, dona Maria (42 anos), vendedora ambulante e mãe de cinco filhos menores, resolveu desabafar e compartilhar o seu drama com os milhares de ouvintes do programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9). Ela contou que nos últimos seis dos 14 anos que conviveu maritalmente com Denildo Gonçalves Marques, que atualmente se encontra preso no Iapen (presídio local), era constantemente espancada e por isso resolveu se separar do companheiro, que agora vem ameaçando-a de morte.

Dona Maria relatou que recentemente, mesmo depois de separada e antes do ex-companheiro ser preso por conta das agressões e ameaças de morte, ele se apoderou do pouco dinheiro da renda da venda do camarão, que é a sua única fonte de renda, deixando-a na mais absoluta miséria juntamente com os filhos, e só não passam fome porque eles contam eventualmente com a ajuda de alguns parentes e amigos. Com força de trabalho por ser uma mulher guerreira, nas palavras dela própria, a vendedora ambulante fez um apelo ao vivo não apenas pela vida, como também no sentido de obter ajuda financeira para retomar o seu trabalho como vendedora de camarão nas ruas e feiras de Macapá.

“Há seis anos eu venho lutando pela vida e é pela vida que venha hoje ao programa do Luiz Melo fazer esse apelo; preciso da ajuda da justiça, das autoridades, porque estive no fórum e fui informada que a qualquer momento ele (o ex-marido) pode ser solto, e não tenho dúvida que a primeira coisa que ele vai fazer é cumprir as muitas ameaças que fez de ceifar a minha vida; são seis anos de medidas protetivas que são renovadas a cada três meses contra um cidadão extremamente violento que não aceita separação e não se comporta como ser humano, não respeita ninguém; infelizmente, porém, isso é apenas papel, não tem efeito prático, e como ele sabe aonde moramos nós temos que mudar urgentemente de casa, mas eu não tenho dinheiro para pagar aluguel, porque eu sempre vivi e sustentei os meus filhos com a venda de camarão, mas antes de ser preso ele foi lá em casa e levou o pouco do dinheiro que eu tinha”, lamentou.

 

Clamor pela vida

Aos prantos e visivelmente nervosa, dona Maria pediu ajuda: “Eu tenho que sair da minha casa com os meus filhos, todos menores, a mais velha tem 15 anos de idade; eu tenho que procurar um local seguro, mas eu preciso trabalhar, preciso voltar a vender o meu camarão, e para isso eu peço a ajuda de empresários, enfim, de quem puder nos ajudar, porque para comprar camarão e revender é preciso ter dinheiro, mas eu não tenho… Eu não quero ter minha vida ceifada como já aconteceu com muitas vítimas de violência doméstica; eu quero e preciso sair daquele local porque ele sabe que estou lá; estamos sobrevivendo da ajuda de alguns parentes e amigos, mas nós não podemos continuar assim, eu sou uma mulher guerreira, tenho força de trabalho e quero trabalhar”.

Como resultado das agressões físicas sofridas a vendedora contou que já ficou oito dias sem poder se alimentar por causa dos ferimentos: “Ele já atentou contra a minha vida várias vezes, uma vez ele me estrangulou e fiquei oito dias sem comer, com o pescoço inchado e vários dentes quebrados; todas as vezes que ele praticava violência comigo eu sempre denunciava, e inclusive a justiça ofereceu oportunidade para ele se recuperar se reabilitar, mudar de comportamento, mas ele nunca quis; o juiz garantiu tratamento pra ele, mas ele nunca aceitou”.

Ouvinte do programa, um policial civil que se identificou como Márcio, sensibilizado com a situação aconselhou dona Maria a procurar ajuda da Delegacia Especializada de Crimes Contra a Mulher (DCCM), que por certo a encaminharia ao Camuf (Centro de Atendimento à Mulher e à Família), que presta assistência às vítimas de violência doméstica. Ela explicou que já é acolhida pelo Camuf, onde realiza Oficinas:

– Eu já sou acolhida pelo Camuf, faço Oficina lá; o problema maior é que eu não posso ficar num abrigo, porque como vão ficar minhas crianças? Ficar abrigada, presa por causa de um irresponsável que age dessa forma? Ele é que deveria ficar preso por um longo tempo, pelo menos tempo suficiente para que ele se conscientize que eu sou mãe dos filhos dele, que ainda são crianças, que precisam de mim e pare de vez de pensar em me tirar a vida… Eu quero trabalhar, quero continuar cuidando dos meus filhos e viver em paz, sem essa miséria que estamos vivendo e sem essa constante onda de ameaça que ele faz – desabafou.

 

Campanha humanitária

Ao final da entrevista o apresentador do programa, jornalista e radialista Luiz Melo lançou uma campanha humanitária para arrecadar recursos financeiros para que dona Maria possa recompor o capital necessário para a compra de camarão e retomar as suas vendas, como também para garantir o pagamento de aluguel de uma casa onde pelo menos dificulte a sua localização pelo ex-companheiro.

Quem quiser ajudar pode manter contato com o próprio apresentador do programa através do telefone (96) 99971-1141, ou mesmo levar as doações à sede do Grupo Diário de Comunicação (Av. Coriolano Jucá, 456 – Centro, Macapá). As doações podem ser feitas em dinheiro, roupas, eletrodomésticos e gêneros de primeira necessidade, perecíveis e não perecíveis.


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